Coimbra

João Paulo Almeida e Sousa apresentou livro “Andaram por aqui os franceses…”

Notícias de Coimbra | 8 anos atrás em 03-10-2016

 

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Decorreu no passado dia 30 a apresentação do livro “Andaram por aqui os franceses…  A Terceira Invasão Francesa em Mortágua”, da autoria de João Paulo Gaspar de Almeida e Sousa.

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Médico nos Hospitais da Universidade de Coimbra e Presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista, João Paulo Almeida e Sousa é filho de mortaguenses e possui fortes laços de amizade a Mortágua, terra que visita com regularidade.

Foram muitos os que quiseram participar na sessão pública, de tal modo que foi necessário alterar o local inicialmente previsto (a Sala de Exposições), passando para o auditório, que estava praticamente cheio, com a presença de mais de 200 pessoas.

Entre os presentes encontravam-se médicos dos HUC, o Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, e a sua Esposa, além de muitos amigos oriundos da cidade do Mondego e doutros locais do país. Mas igualmente muitos amigos mortaguenses e dos concelhos vizinhos.

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As entidades locais estiveram representadas pelo Presidente da Câmara Municipal, Presidente da Assembleia Municipal, Vereadores do Executivo Municipal e Presidentes de Junta de Freguesia.

 Isabel Vargues, Docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e autora do prefácio da obra, fez uma contextualização dos fatores que levaram à eclosão da Guerra Peninsular, mas também referência às consequências políticas e sociais que resultaram no pós-conflito, e aos vestígios deixados desse tempo que perduraram na memória popular, nomeadamente em muitas expressões que ainda hoje utilizamos no dia-a-dia, como a famosa máxima “Portugal é Lisboa, o resto é paisagem”.

No uso da palavra, o Presidente da Câmara Municipal, José Júlio Norte, afirmou que o Dr. João Paulo “é um amigo de Mortágua”, uma pessoa que não esquece as suas raízes, e sublinhou o interesse e a verdadeira paixão que o mesmo tem demonstrado no estudo e investigação acerca do património e da história do concelho, de que este livro dado à estampa é disso exemplo. Lembrou que, mais ou menos por esta altura do ano, tinha lançado o repto ao Dr. João Paulo para passar a livro a preleção que deu em Penacova, no âmbito das comemorações dos 205 anos da Batalha do Bussaco, a qual versava precisamente sobre a passagem das Invasões Francesas em Mortágua. Um desafio que o Dr. João Paulo aceitou e que se corporiza neste livro, sendo o primeiro livro publicado que versa exclusivamente sobre Mortágua e as Invasões Francesas.

O Presidente da Câmara Municipal salientou que a obra “vem trazer uma visão mais profunda e global da passagem e estada do exército francês”, porque até agora os livros sobre a Guerra Peninsular e as Invasões Francesas faziam referências pontuais a Mortágua. “ A partir de agora, com este livro, Mortágua passa a ser um território onde se sabe o que por cá aconteceu, as atrocidades que os mortaguenses sofreram e a destruição a que algumas aldeias foram sujeitas”.

Acrescentou que “com esta obra, fixamos para o futuro, para que não caia no esquecimento, os locais que foram destruídos, os locais de aquartelamento, os trajetos de passagem para o Bussaco, assim como o de retirada do exército francês depois da derrota na Batalha do Bussaco (27 de setembro de 1810)”.

O Presidente da Câmara destacou a vertente humana e cívica do autor, além da sua dedicação e paixão pela Medicina, afirmando que o Dr. João Paulo “ é uma referência de cidadania, solidariedade e amor ao próximo, pela forma como interpreta a sua vida, profissionalmente e nos tempos livres, que dedica à realização de atividades cívicas e, também, na forma como se entrega aos outros”.

Na sua intervenção, João Paulo Gaspar de Almeida e Sousa dirigiu agradecimentos ao Presidente da Câmara Municipal, Júlio Norte, pela confiança depositada e incentivo à publicação do livro, à Bibliotecária Municipal, Teresa Branquinho, ao Coronel Luís Albuquerque, aos Presidentes de Junta de Freguesia, à Diretora do Arquivo Distrital de Viseu, Maria das Dores Almeida Henriques, e ao editor António José Coelho, pela colaboração e facilidades concedidas. Dirigiu ainda agradecimentos aos mortaguenses, que a título particular, deram a sua contribuição para a obra, nomeadamente disponibilizando documentos e objetos que tinham na sua posse, ou fornecendo informações valiosas. Finalmente dirigiu agradecimentos à sua Esposa e filhos, ali presentes.

E explicou que o título do livro tem origem na expressão que a sua mãe usava (e guarda na memória desde criança), quando alguma coisa estava desarrumada ou em desalinho doméstico, dizendo: “Parece que andaram por aqui os franceses”. Era uma analogia caricatural que recordava o rasto de destruição e caos, deixado pelos franceses na sua passagem por terras de Mortágua. Outra razão que o levou a debruçar-se sobre as Invasões Francesas teve a ver com a sua própria profissão, relacionada com a prática organizacional de emergência pré-hospitalar que teve as primeiras experiências de relevo nesta época, destacando-se um homem chamado Dominique Jean Larrey. É a ele que se deve a implementação do sistema de “ambulâncias móveis” para recolha de feridos em combate.  

Na introdução do livro, João Paulo salienta a posição estratégica que Mortágua tinha, à época, por constituir um nó de vias de comunicação das Beiras, para Coimbra (Centro Litoral e Sul), e para o Norte, servindo de plataforma de estacionamento para o avanço das tropas de Massena, não só em direção ao Bussaco, mas também na sua retirada após a batalha.

Afirma o autor que “é obrigatório falar de Mortágua quando falamos das Invasões Francesas e, e em particular, quando nos referimos à Batalha do Bussaco e às movimentações das tropas francesas antes e depois do dia 27 de setembro de 1810”.

O livro está dividido em seis capítulos: “A importância estratégica de Mortágua”; “A movimentação militar francesa até ao Bussaco”; “O desconhecimento do terreno pelos Franceses; “A manobra de retirada do exército francês; “Depois da Batalha do Bussaco: uma carta de Massena”; “O sofrimento das populações”, seguindo-se as Notas Finais e os Anexos. Nestes últimos é de destacar um ofício de Wellington a D. Miguel Pereira Forjaz, com data de 30 de setembro de 1810, onde descreve pormenorizadamente os ataques dos franceses e as ações empreendidas pelas tropas anglo-lusas para os rechaçar, elogiando a sua bravura. Consta ainda a listagem dos 59 naturais do concelho que integraram o Regimento de Milícias de Tondela, que era uma tropa de 2ª linha no combate aos franceses.

O autor apoiou a ideia do Município de avançar para a criação de um Centro Interpretativo das Invasões Francesas e salientou a importância de se preservar e classificar os sítios, bem como o desenvolvimento de itinerários históricos, envolvendo os monumentos existentes, os locais e percursos por onde andaram os franceses.

 

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