Cinema
“Zé Pedro Rock ’n’ Roll” em destaque
O documentário realizado por Diogo Varela Silva, “Zé Pedro Rock ’n’ Roll”, é uma das seleções oficiais do festival de cinema punk de Los Angeles, que arranca hoje e termina com uma cerimónia de prémios a 11 de outubro.
“É ótimo que o filme seja visto e que vá a sítios”, disse à Lusa o realizador, sublinhando que o documentário já venceu 16 prémios e foi exibido em perto de 40 festivais. “Acho muita piada que seja visto no festival de filmes punk de LA. Acho que se há um festival em que o Zé Pedro ia achar piada estar, de certeza que era este”.
Em formato híbrido, presencial e ‘online’, o LA Punk Film Festival permitirá aos participantes assistirem a longas-metragens, curtas e documentários selecionados por um painel de críticos de cinema.
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O acesso a “Zé Pedro Rock ’n’ Roll” estará disponível por 3,99 dólares (3,45 euros), através da plataforma de ‘streaming’ do festival.
Segundo Diogo Varela Silva, o sucesso que o documentário alcançou desde que foi lançado deve-se à universalidade da história de Zé Pedro.
“Quando fiz o filme, achei que ia ser uma coisa mais interna, para nós. Nunca pensei que fosse ter tanto interesse fora de Portugal como está a ter”, disse o realizador. “Apesar de ser uma banda portuguesa e um músico português, é uma história universal. É alguém que sonhou ser músico e lutou por isso, fez-se à estrada”, explicou Diogo Varela Silva.
“Um espectador americano pode-se rever nessa história, como um chinês, um francês, um indiano, em todos os sítios por onde o filme já passou. Se calhar é esse o segredo da aceitação que o filme está a ter: é a história ser universal, compreendida em qualquer parte do mundo”.
Tendo chegado às salas de cinema portuguesas em julho de 2020, “Zé Pedro Rock ’n’ Roll” continua a fazer percurso em festivais internacionais e a ganhar prémios. Diogo Varela Silva indicou que estão agora a ser estudadas várias hipóteses de distribuição internacional.
“Zé Pedro, o lendário guitarrista dos Xutos e Pontapés, é o maior nome do rock ’n’ roll português”, descreve o LA Punk Film Festival na apresentação do documentário sobre o músico, que morreu em 2017.
“Ele foi a sua maior força motriz, não apenas como guitarrista fundador da melhor banda portuguesa de sempre, mas também ao promover o género como crítico de música, radialista e dono do Johnny Guitar, um mítico clube e sala de concertos em Lisboa, onde tantas bandas deram os seus primeiros passos”.
Em novembro do ano passado, o documentário venceu o prémio de melhor longa-metragem internacional do festival norte-americano de Silicon Beach Film, depois de já ter sido distinguido com o Prémio de Mérito nos Accolade Global Film Competition e nos Impact Docs Awards, também nos Estados Unidos, além de ter recebido os prémios de melhor documentário e de melhor longa-metragem, nos festivais Salto, no Uruguai, Mabig, na Alemanha, e no Best Istanbul Film Fest, na Turquia, entre outros certames e distinções.
Em 2019, obteve o Prémio do Público do festival Doclisboa.
“Zé Pedro Rock n’Roll” estreou-se nas salas portuguesas em julho do ano passado, cerca de dois anos e meio após a morte do guitarrista.
O filme cruza depoimentos de amigos, dos irmãos, dos sobrinhos, de todos os elementos dos Xutos & Pontapés e de muitos dos músicos com quem o guitarrista se cruzou.
São ainda recuperados excertos de entrevistas e depoimentos do músico, imagens de arquivo de concertos e ensaios dos Xutos & Pontapés, registos da vida do clube Johnny Guitar, palco e ponto de encontro em Lisboa para dezenas de músicos, e pedaços dos programas de rádio nos quais Zé Pedro participou.
José Pedro Amaro dos Santos Reis – Zé Pedro – morreu em 30 de novembro de 2017, aos 61 anos.
A relação com a música vinha desde novo, por influência do pai, e uma das memórias é uma ida ao festival Cascais Jazz, na adolescência, que é recordada no documentário.
No verão de 1977, numa viagem de comboio pela Europa, foi a um festival punk no sul de França, decisivo para a formação pessoal e para o que queria fazer de futuro, como contou no filme.
De regresso a Lisboa, mergulhado na estética punk rock, formou os Xutos & Pontapés, cujo primeiro concerto aconteceu a 13 de janeiro de 1979, nos Alunos de Apolo, em Lisboa.
No documentário são recordados os problemas de saúde, resultantes dos excessos de droga e álcool, o transplante de fígado e a vida de palco.
Colecionador de música, a par da vida nos Xutos & Pontapés, Zé Pedro desdobrou-se noutros projetos, com programas de rádio, a gerência e curadoria do Johnny Guitar, e entrada nos grupos Cavacos, Palma’s Gang, Maduros e Ladrões do Tempo.
Diogo Varela Silva é autor de outros documentários como “Celeste” (2015) e “Fado da Bia” (2012).
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