Política
“Vozes do passado” marcam sétimo dia de campanha
O sétimo dia de campanha para as eleições legislativas de dia 10 foi marcado por antigos líderes, entre as reações às palavras de Durão Barroso, um artigo de Cavaco Silva e a presença de António Costa num comício.
Num artigo publicado hoje no jornal Correio da Manhã, o ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva apelou ao voto na Aliança Democrática (AD), formada por PSD, CDS-PP e PPM, alertando que optar por “partidos de protesto extremistas” contribuirá apenas para eleger o líder socialista, Pedro Nuno Santos, que considerou não ter perfil para primeiro-ministro.
Na sexta-feira, também o antigo líder do PSD Durão Barroso se tinha juntado à campanha da AD, num comício em Santa Maria da Feira (Aveiro), onde defendeu que o PSD e o CDS-PP não têm de pedir desculpa, mas sim ter orgulho no que fizeram no Governo “com sentido patriótico” no período da ‘troika’.
Hoje, o secretário-geral socialista criticou “quem tenta agora dar lições sobre como governar” e que no passado desistiu do interior, numa alusão a Cavaco Silva, salientando também que os socialistas não pertencem a “um tempo em que alguns rostos do passado, que aparecem agora em campanha, encerravam linhas de caminho-de-ferro”.
Pedro Nuno Santos recusou estar a fazer um “jogo de equilibrismo” entre o passado e o futuro, e considerou que António Costa não é um rosto do passado, mas “do presente e do futuro”, no dia em que está previsto que o ex-secretário-geral participe num comício do PS ao final da tarde, no Porto.
O presidente do Chega, André Ventura, considerou que a presença de antigos líderes nas campanhas de PS e PSD constitui “um desfile de antiguidades” e salientou que o seu partido quer ser o futuro.
Quanto ao artigo de Cavaco Silva, Ventura respondeu: “Eu não sei a quem é que se referem como os partidos extremistas, mas se estão a referir-se ao Chega, o Chega está muito confortável por ser o partido do futuro”, salientou.
Já o presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, encarou com normalidade a presença de António Costa numa ação de campanha do PS, considerando que “é uma voz do passado” e que Portugal precisa é de futuro.
O candidato liberal concordou ainda com o diagnóstico do país feito por Cavaco Silva, mas insistiu que a resolução passa por uma “solução liberal”.
Em representação da CDU, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, comentou as declarações de Durão Barroso: “Está aqui um bom exemplo do orgulho que devem ter dos tempos da ‘troika’, desses que acham que os cadastros devem ser para outros, mas que deviam ter também um peso grande na consciência”.
Já a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, defendeu, ainda na sexta-feira, que o passado “regressa sempre à campanha” da AD, referindo-se à participação de Durão Barroso, que foi presidente da Comissão Europeia quando os portugueses enfrentaram o “inferno da ‘troika’”.
Hoje, a líder bloquista considerou que “Cavaco Silva esteve sempre do lado do mau Governo, esteve sempre do lado das decisões erradas, das decisões que castigaram as pessoas”, realçando que “quem olha para o passado e se lembra dos tempos de governação da direita é disso que se lembra: de retrocesso, de perda de direitos”.
No mesmo sentido, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, reafirmou que o partido “não está disponível para dar a mão à AD”, criticando aquilo que tem sido “um revivalismo de valores que não fazem jus às necessidades da população a este tempo” e defendendo que “claramente, aquilo que os portugueses não querem é o regresso ao passado de uma política que não servia para o desenvolvimento económico sustentável”.
Já o porta-voz do Livre, Rui Tavares, apontou a Luís Montenegro, considerando que a AD revela “uma grande dose de ingenuidade” quanto aos perigos da extrema-direita e pediu ao líder social-democrata que explicasse o que quer fazer quanto ao subsídio de desemprego, referindo-se a declarações que fez na quinta-feira, de que não aceita um “país em que muita gente que trabalha tem menos dinheiro do que muita gente que não trabalha”.
Na sexta-feira, já Pedro Nuno Santos tinha desafiado Montenegro a esclarecer se quer cortar o subsídio de desemprego, tendo o social-democrata respondido hoje que quer “valorizar o trabalho” sem “tirar nada a ninguém”, compensando até quem recebia prestações sociais e perdeu rendimento ao começar a trabalhar.
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