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Viúva destroçada em Tábua: “Se ele não fosse ao CHUC talvez ainda estivesse vivo”

Rui Avelar | 24 minutos atrás em 14-11-2024

A convicção da viúva de José Manuel Pais é que “talvez ele ainda estivesse vivo” se não tivesse ido, sábado (09), às Urgências do polo de Celas do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

No dia do seu 66º. aniversário, o pasteleiro, a sofrer de eventual intoxicação, presumivelmente causada por cogumelos, foi transportado do Centro de Saúde de Tábua para o CHUC e de lá saiu um cadáver.

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Aparentemente, Pais só usufruiu de soro. Conformou-se com alta clínica, emitida com base em alegada saída do hospital. Acresce que a omnipotente burocracia e alegada falta de brio impediram-no de sair de lá vivo.

Maria da Conceição Pais, que lastima o desfecho, chora pelo facto de José Manuel não ter podido regressar a casa, nos arredores de Tábua, onde ela lhe daria um chá.

Diabético e, provavelmente, desidratado, Pais morreu, na madrugada de domingo (10), numa cadeira das Urgências do polo de Celas do CHUC.

“Podia estar vivo se lhe tivessem acudido; se o puseram a soro, tinham-lhe feito uma lavagem ao estômago”, alega Conceição, 70 anos de idade, natural da Ribeira Grande (Açores).

A expressão “por abandono”, inscrita na alta administrativa, querendo significar que o pasteleiro virou as costas ao CHUC ao não responder a duas chamadas para observação, está a dar a volta à cabeça da viúva.

“Como é que o José Manuel abandonou o hospital se ele lá foi encontrado morto”?, desabafa a septuagenária.

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Da conversação que manteve com o marido, através de telefone, Conceição guarda sensações próprias de uma “situação caótica”. “Houve mesmo abandono, mas foi por parte do CHUC”, conclui ela, fazendo notar que o marido “já não fumava e não tomava bebidas alcoólicas”. Sempre preocupada com o almoço de José Manuel, cujo jantar consistia uma refeição leve, Maria da Conceição contou a Notícias de Coimbra que ele se deliciou a comer míscaros.

A viúva diz ter ouvido o pasteleiro, via telefone, a implorar para lhe fazerem “alguma coisa”. A resposta, que ainda faz eco na cabeça de Conceição, consistiu numa pergunta.

“Que posso eu fazer se sou uma auxiliar”? Pelas 00:00 de domingo, o paciente disse à mulher que tinha tido alta clínica apesar de, cada vez mais, precisar de ser assistido.

Vizinhos de José Manuel rumaram, durante a noite, a Coimbra, para o levarem de regresso a Tábua, e voltaram, de madrugada, de mãos a abanar. Eles nem sequer conseguiram abeirar-se do paciente, impedido de pôr um pé na rua por não estar munido da famigerada alta clínica. “Pelas 04:00 [na madrugada de domingo], o meu José Manuel telefonou-me, mas ele já não conseguia falar”, remata Maria da Conceição Pais.

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