O embaixador Vítor Sereno vai substituir à frente das “secretas” a também embaixadora Graça Mira Gomes, de quem o atual primeiro-ministro chegou a pedir a demissão quando era líder da oposição.
“O primeiro-ministro indigitou hoje para o exercício de funções como Secretário-Geral do Sistema de Informações da República Portuguesa, o embaixador Vítor Sereno”, refere um comunicado do gabinete do primeiro-ministro.
A nota acrescenta que, “como tem sido prática para este cargo, o primeiro-ministro informou sobre esta indigitação o líder do principal partido da oposição”.
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Vítor Sereno foi chefe de gabinete do social-democrata Miguel Relvas, quando este foi ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, bem como do socialista António Braga, quando ocupou o cargo de secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.
Graça Mira Gomes ocupava o cargo de secretária-geral do SIRP desde 2017, nomeada pelo então primeiro-ministro do PS António Costa.
No ano passado, a embaixadora chegou a ser ouvida no parlamento na sequência da polémica quanto ao “enquadramento legal” da intervenção do Serviço de Informações de Segurança (SIS) na recuperação do computador de Frederico Pinheiro, ex-adjunto do antigo ministro das Infraestruturas João Galamba.
O Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa concluiu que o SIS não usou meios que lhe estivessem vedados e, na terça-feira, o Ministério Público arquivou o inquérito relacionado com a operação desencadeada por agentes do SIS para recuperar o computador.
Em junho do ano passado, o então líder da oposição Luís Montenegro escreveu uma carta a António Costa, ainda chefe do Governo, a pedir a demissão de Graça Mira Gomes e avisou que, se tal não acontecesse, a direção das “secretas” perderia a confiança dos sociais-democratas.
“Caso não ocorra qualquer demissão, quero que V. Ex.ª saiba que passará a ocorrer um facto inédito em toda a democracia portuguesa: a direção do SIRP deixará de ter a confiança do maior partido da oposição. Espero que o SIRP continue a servir o Estado, mas fá-lo-á apenas com o aval e a confiança do Governo”, escreveu Luís Montenegro na carta.
A substituição de Graça Mira Gomes acaba por acontecer sete meses depois de o executivo PSD/CDS-PP tomar posse e em conjunto com a indigitação da nova secretária-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), Patrícia Barão, e com a recondução de Luís Neves como diretor nacional da Polícia Judiciária, incluindo-se na reestruturação dos altos cargos de segurança do Estado, iniciada com a nomeação do novo Procurador-Geral da República, Amadeu Guerra.
De acordo com informações biográficas divulgadas pelo gabinete do primeiro-ministro, Vítor Sereno é natural de Coimbra e tem 53 anos.
É diplomata de carreira desde 1997 e, desde 2013, chefe de missão, sendo embaixador de Portugal no Japão desde março de 2022.
Foi embaixador de Portugal no Senegal e não residente na Costa do Marfim, Guiné-Conacri, Gâmbia, Burquina Faso, Libéria e Serra Leoa (2018-2022). Foi Cônsul-Geral de Portugal em Macau, Estugarda e Roterdão. Serviu ainda nas Embaixadas de Portugal na Guiné-Bissau e na Argentina.
Na academia, foi professor convidado do Instituto Superior de Comunicação Empresarial (ISCEM) e da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.
Foi condecorado com a Grande Cruz da Ordem do Mérito, a Comenda da Ordem do Leão do Senegal, o Título Honorífico de Prestígio da Região Administrativa Especial de Macau e a Comenda da Ordem de Mérito da República Federal da Alemanha. Recebeu, entre outras distinções, o Prémio “Francisco de Melo Torres” da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) como diplomata económico do ano em 2019.
Licenciado em Direito (área jurídico-económica) pela Universidade de Coimbra e Mestre em “Business Communication” pelo ISCEM, iniciou a carreira como advogado e consultor fiscal.
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