Vítimas dos fogos de outubro foram abandonadas

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 13-01-2018

Duas associações de vítimas dos incêndios de outubro de 2017, na região Centro, criticam a alegada distância do poder central e asseguram que milhares de lesados ainda não receberam ajudas.

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Ao assinalar “três meses da maior tragédia em destruição material que a região sofreu em séculos”, a Associação das Vítimas do Maior Incêndio de Sempre em Portugal (AVMISP) insurge-se contra “a distância do poder político”, quando “a falta de esperança cresce” no interior devastado pelos fogos de 15 e 16 de outubro de 2017.

“Sobra sempre a sensação de que continuamos entregues à nossa sorte”, afirma à agência Lusa o empresário Luís Lagos, presidente da AVMISP, com sede em Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra.

Opinião idêntica tem o Movimento Associativo de Apoio às Vitimas dos Incêndios de Midões (MAAVIM), no vizinho município de Tábua, liderado por Fernando Tavares Pereira.

Numa nota enviada à Lusa, o empresário de Midões reitera que “a população está rigorosamente ao abandono, com medidas avançadas e sem estarem aplicadas”, e reporta a existência de “milhares de lesados ainda sem ajuda”.

“São empresas que lutam para voltar à normalidade e encontram discriminação nos apoios, pessoas que querem reconstruir a sua casa, as suas vidas, e a quem falta proximidade e celeridade do poder executivo”, declara, por sua vez, Luís Lagos.

O líder da AVMISP testemunha queixas dos “agricultores que ficam embrulhados em burocracia” e adianta que a população “tem a sensação de que vive num país onde o Governo está de férias para o Interior”.

A associação pergunta, por exemplo, “por que não se pagou, de imediato e sem burocracias, o valor indemnizatório mínimo aos familiares das vítimas mortais” e realça que, “se algum familiar não concordar com o valor final da indemnização e quiser recorrer aos tribunais, continuará a não receber o valor mínimo, de 70 mil euros”, anunciado pelo Estado.

“Isto não passa de uma forma encapotada de pressão” para levar as pessoas a aceitar esse valor, considera Luís Lagos, realçando ser “todo um território que fica em causa, um conjunto de vidas que ficam hipotecadas e uma região que perde o comboio do futuro”, se o Governo não promover “a discriminação positiva” de municípios do Interior “que todos os dias pagam o preço da distância” do poder central.

Questiona ainda, entre outras críticas, “onde está o Fundo Revita para a tragédia de outubro”, lembrando que, “se as ajudas dos portugueses, em junho”, com o incêndio de Pedrógão Grande, “mereceram a criação de um fundo para as fazer chegar de forma justa e equitativa ao terreno, em outubro é a bandalheira total”.

Por outro lado, “a diferenciação ao nível da comparticipação do apoio às empresas, entre os incêndios de junho e de outubro, é gravíssima”, na sua opinião.

Por seu turno, o MAAVIM insiste que “ainda não existe um único parque de recolha” de madeira queimada e alerta que “os rios estão cheios de lixo e lama”.

A organização liderada por Fernando Tavares Pereira recomenda que os planos diretores municipais (PDM) “devem ser suspensos urgentemente para reorganizar todas as áreas agrícolas, florestais, industriais e urbanas”.

As duas associações defendem que o Governo deve avançar com um sistema de ajudas que permita também a reconstrução das casas de segunda habitação destruída pelo fogo.

“Falamos do tipo de habitação que dá vida ao Interior”, salienta a AVMISP, presidida por Luís Lagos.

Igualmente, o fundador do MAAVIM valoriza estes edifícios, usados pelos emigrantes nas férias e pelos trabalhadores agrícolas.

“Vamos deixar as paredes no ar à espera que o vento as derrube?”, conclui Fernando Tavares Pereira.

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