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Vilar Formoso vive situação “bastante complicada” devido ao fecho da fronteira
Os comerciantes da vila fronteiriça de Vilar Formoso, no concelho de Almeida, distrito da Guarda, estão a passar por uma situação económica “bastante complicada” devido ao encerramento da fronteira com Espanha, provocada pela pandemia da covid-19.
“A situação é bastante complicada. Como é sabido, Vilar Formoso vive do cliente espanhol e daqueles que passam pela fronteira. O facto de não haver essa possibilidade de passagem torna tudo mais complicado e inviabiliza qualquer negócio”, disse hoje à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Vilar Formoso, Manuel Gomes.
O controlo das fronteiras terrestres com Espanha está a ser feito desde as 23:00 do dia 16 de março em nove pontos de passagem autorizada, devido à pandemia da covid-19.
No âmbito do controlo das fronteiras, estão impedidas as deslocações turísticas e de lazer entre os dois países, sendo apenas permitida circulação de transportes de mercadorias e de trabalhadores transfronteiriços.
“Dos 15 restaurantes que nós temos em Vilar Formoso, apenas três estão abertos, a trabalhar em regime de ‘take-away’, para dar apoio ao camionista, principalmente, porque o camionista continua a passar e continua a ter necessidade de se alimentar”, disse Manuel Gomes.
Também o comércio de retalho (sobretudo de atoalhados, artigos que são muito procurados pelos espanhóis) “está a sofrer” com a falta de clientes.
“Estando a fronteira fechada, é impossível termos clientes, o que inviabiliza qualquer tipo de negócio”, enfatiza o presidente da Junta de Freguesia de Vilar Formoso.
O autarca disse à Lusa que um cenário idêntico se verifica na povoação espanhola de Fuentes de Oñoro: “Os comércios que existem do outro lado existem para servir o cliente português, o que faz com que esta situação seja difícil de um lado e do outro da fronteira. Os problemas são exatamente os mesmos”.
Na sua opinião, a situação vivida na fronteira de Vilar Formoso – Fuentes de Oñoro seria diferente se os governos dos dois países tivessem permitido a circulação dos habitantes entre as duas localidades.
“Isso seria muito bom e teria todo o sentido, atendendo a que Vilar Formoso e Fuentes de Onõro, no fundo, são uma única povoação. Fisicamente são uma única povoação. Portanto, deveria de ter sido acautelado isso, para que nós pudéssemos circular livremente entre estas duas povoações”, disse.
Manuel Gomes admite que o controlo das pessoas “era mais difícil”, mas sublinha que as duas localidades fronteiriças “estão ligadas numa só”.
“Daí que os serviços comerciais que se prestam de um lado e do outro servem para benefício das duas povoações e são compartidos pelas duas povoações”, justificou.
O autarca mostra-se também preocupado por a crise causada pela pandemia ocorrer numa altura que antecede a abertura da ligação da autoestrada A25 entre Vilar Formoso e a fronteira.
“Este momento, que seria para nos prepararmos para a conclusão dessa obra, está a ser contrariada por mais este problema que é a covid-19 e o fecho das fronteiras”, lamentou.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 286 mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
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