Política
André Ventura diz que manifestação da esquerda “é ilegítima”
O presidente do Chega classificou hoje como ilegítima a manifestação antirracismo em que estão presentes os partidos de esquerda por ser “contra polícias e magistrados”, e acusou o Governo de ter “cedido à pressão”.
André Ventura falava à chegada à concentração promovida pelo Chega na Praça da Figueira, em Lisboa, denominada “Pela autoridade e contra a impunidade” – que juntou algumas centenas de pessoas – e convocada depois do anúncio de uma manifestação hoje à tarde contra o racismo e a xenofobia após a operação policial de 19 de dezembro no Martim Moniz.
“Eu não quero provocar ninguém, mas tenho a certeza disto: há muitas manifestações, num sentido e noutro, talvez esta manifestação de hoje seja a mais ilegítima que alguma vez existiu aqui ao lado no Martim Moniz, porque é verdadeiramente contra a polícia, verdadeiramente pelos bandidos”, disse.
Ventura acrescentou que, além de ser contra a polícia, a manifestação é também contra os juízes “que ordenaram a ação que decorreu no Martim Moniz”, salientando que não foi apenas a polícia que levou a cabo aquela ação.
O líder do Chega estendeu as críticas ao Governo e ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, por algumas semanas depois da operação policial ter afirmado não ter gostado de ver a imagem de imigrantes encostados à parede.
“Devia ter tido a coragem – e até podia ter estado aqui – devia ter tido a coragem de dizer: quando se começa ao lado das forças de segurança, vai-se até ao fim. Porque o que os portugueses precisam hoje é de políticos que vão até ao fim, que não tenham medo, que não cedam à pressão”, considerou, acusando as restantes forças políticas de terem cedido a essa pressão.
Ventura explicou que o Chega organizou esta vigília porque a manifestação “organizada hoje pela esquerda tinha que ter resposta”, responsabilizando também a comunicação social por ter habituado esta área política “a viver num país em que não havia contraponto” e a terem mais peso mediático do que a sua representação parlamentar.
“Eu gostava que muitos destes líderes de esquerda, quando estiverem com um problema, em vez de chamarem a polícia, chamem o Batman, ou chamem o super-homem, ou chamem alguém que venha com cravos vermelhos para lhes resolver os assaltos às casas, a violação das namoradas ou dos namorados, os ataques à propriedade”, criticou.
Ventura explicou que foram distribuídas t-shirts pretas pelas pessoas presentes na vigília com o lema da concentração “Pela autoridade contra a impunidade” para simbolizar o luto pelos polícias mortos e feridos e também pelas pessoas vítimas de crime.
O líder do Chega recusou que o partido esteja a dividir o país ou que esteja a fazer crescer a insegurança, quando questionado sobre o número de meios policiais mobilizados para acompanhar a manifestação contra o racismo e esta vigília.
“Nós vamos continuar a sair à rua, uma, outra e outra vez. E tenho a certeza que a maior parte dos portugueses concorda com o que estamos aqui a fazer hoje. E mesmo os que não estão cá, se tivessem que escolher um dos lados, diriam que querem um país em que haja mais direitos para as pessoas normais do que para os criminosos”, afirmou.
No final, Ventura foi questionado sobre sondagens para presidências e reforçou: “Eu vou à segunda volta, podem anotar isso”.
Antes da chegada do líder do Chega, a deputada Patrícia Carvalho foi organizando as pessoas presentes na Praça da Figueira – pelas 15:00 mais de duas centenas -, pedindo para se distribuírem com um espaço de um braço entre cada um
Num dos cantos da Praça da Figueira, é visível um forte dispositivo policial, com cerca de uma dezena de carrinhas da Unidade Especial de Polícia.
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