Desporto
Vencedor da Volta a Portugal dá a jovens ciclistas oportunidade que nunca teve
Ajudar jovens a praticar ciclismo perto de casa, como nunca pôde fazer, levou o vencedor da última Volta a Portugal, Amaro Antunes, a criar um clube com formação em Vila Real de Santo António.
Amaro Antunes explicou à agência Lusa que “desde muito pequenino” quis ingressar no ciclismo, mas residir em Vila Nova de Cacela, concelho de Vila Real de Santo António, distrito de Faro, dificultou a sua integração na modalidade, “porque não havia qualquer clube próximo” com escalões de formação onde pudesse iniciar-se.
“O mais próximo era em Loulé e levei algum tempo até poder praticar aquele desporto com que realmente sempre sonhei. E, em 2017, surge na minha ideia este projeto”, afirmou o ciclista da W52-FC Porto, sublinhando que quis “dar oportunidade aos jovens de praticar uma modalidade que, quando era mais novo, não conseguia praticar pela distância”.
O Clube de Ciclismo Amaro Antunes conta com 45 atletas, dos cinco anos aos sub-23, que podem treinar, competir, permanecer perto de casa e ter apoio de uma equipa de nove pessoas, das quais seis treinadores, todos estabelecidos no concelho e “com formação para isso”, destacou o ciclista algarvio.
O vencedor da edição especial da Volta a Portugal reconheceu que “o clube tem crescido a uma velocidade inesperada” e agradeceu a “grande ajuda” dos patrocinadores, que recompensam o seu esforço e dedicação à modalidade com a aposta num projeto com “o objetivo de vir a ter uma equipa profissional”.
Além do mentor do clube, a Lusa falou com Tomás Afonso, ciclista de 14 anos, e com Amaro Antunes pai, diretor desportivo de cadetes e juniores, escalões que, com os sub-23, se mantêm em atividade devido à pandemia de covid-19, embora sem competições agendadas e com a obrigação de treinarem sozinhos em tempos de confinamento.
E manter a atividade, a motivação e o empenho em ciclistas entre os 14 e os 18 anos tem sido o principal desafio de Amaro Antunes pai, que não quis no início um filho ciclista, mas agora ajuda a pôr de pé o sonho do descendente.
“Abracei este projeto derivado ao Amaro. Queremos evoluir com cadetes e juniores, só que o sacrifício que eles fazem não é o mesmo que o meu filho fazia, porque ele se dedicava. Agora a juventude não gosta muito de sofrer”, brincou.
Amaro Antunes disse que a pandemia de covid-19 e as regras de isolamento social e confinamento para a combater obrigaram a “deixar os treinos de grupo” e, apesar de “telefonar sempre” aos jovens “para fazerem isto ou aquilo”, eles “sozinhos já não cumprem tudo o que lhes é pedido”.
“Temos bons atletas, mas depois há quem tenha capacidade enorme e não quer treinar, e há quem trabalhe, mas não tenha tanta capacidade. As pessoas não sabem o que o Amaro treinava e o sacrifício que fez para ganhar”, exemplificou, considerando que “treinar é uma coisa e correr é outra”.
O cadete Tomás Afonso contou que sempre gostou de andar de bicicleta e, quando soube na escola que havia escalões de formação no Clube de Ciclismo Amaro Antunes, entrou “só para brincar um pouco”, mas acabou por “gostar e ficar”.
“A experiência tem sido boa, por causa que o treinador é bom e entre nós, atletas, damo-nos todos bem”, afirmou o jovem de 14 anos, lamentando que, devido à pandemia, “não se possa treinar em grupo” e se “perca motivação”, porque “treinar sem saber se há provas, é difícil”.
Enquanto a competição não é retomada, é o diretor desportivo quem “telefona e manda os treinos para fazer durante a semana”, disse Tomás Afonso, realçando que, “quando se está com o treinador, ele sempre vai dando dicas e ajudando” a evolução, o que não acontece em solitário.
Apesar das dificuldades, o jovem ciclista definiu já os objetivos para quando forem retomadas as competições: “Começar a ganhar provas e fazer o percurso para ser ciclista profissional”.
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