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Valores de monóxido de carbono em prédio da Figueira da Foz eram potencialmente fatais

Notícias de Coimbra com Lusa | 11 meses atrás em 30-01-2024

O monóxido de carbono (CO) medido no prédio da Figueira da Foz afetado, na sexta-feira, por uma fuga daquele gás tóxico, revelaram níveis passíveis de provocarem problemas de saúde graves ou mesmo a morte, disse fonte dos bombeiros.

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Em declarações à agência Lusa, o segundo-comandante dos Bombeiros Sapadores da Figueira da Foz, João Matias, que esteve no terreno nas operações de socorro que levaram à retirada de 14 moradores, indicou que num dos apartamentos foram detetados valores de 900 a 1.000 ppm (partes por milhão) de monóxido de carbono, uma cifra que é cerca de 20 vezes superior ao limite considerado de segurança.

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Embora os sintomas da exposição ao monóxido de carbono variem de pessoa para pessoa, o limite considerado de segurança é de 50 ppm (ligeiramente acima do fumo de tabaco, que é de 35 ppm) de concentração daquele gás no meio ambiente, ainda assim já passível de provocar cefaleias leves a moderadas.

Aqueles valores foram detetados numa habitação do 8.º andar, onde mora o casal que deu o alerta ao chegar a casa, por se ter deparado com duas aves mortas que tinha na cozinha.

Aquando das medições na habitação, a maior concentração de CO “estava na zona dos quartos e até na varanda [ao ar livre] foi medido monóxido de carbono”, frisou João Matias.

Segundo os dados recolhidos pelos operacionais dos bombeiros Sapadores e Voluntários da Figueira da Foz, o apartamento da mesma fração do 7.º andar registava, na altura, valores de 300 ppm, enquanto no sexto andar os valores rondavam as 100 ppm, o que levantou a hipótese de a origem da intoxicação, ainda não identificada, estar nos pisos abaixo do 8.º andar, já que o CO é mais leve do que o ar e tem tendência a subir.

No entanto, as medições efetuadas entre o primeiro e o quinto andares do bloco de 11 pisos não registaram a presença de monóxido de carbono, mas este existia, também, no 9.º andar, embora em concentrações inferiores ao do apartamento imediatamente abaixo.

“O ideal é que o valor seja zero”, vincou, por seu turno, Nuno Pinto, comandante dos bombeiros Sapadores, lembrando que aquele gás é altamente tóxico e que a sua existência em habitações decorre de uma qualquer forma de combustão, seja de aparelhos a gás para aquecimento ou de lareiras.

Por seu turno, um estudo disponível na internet da autoria de Armando B. Pereira, intitulado “Intoxicação pelo Monóxido de Carbono”, revela sintomas passíveis de serem observados nas diferentes concentrações de CO, e aponta as 800 a 1.200 ppm (correspondentes a uma concentração no sangue de 50% a 70%) como responsáveis por convulsões, depressão cardíaca e respiratória e coma.

Segundo o mesmo documento, valores no sangue acima de 40% são considerados uma intoxicação aguda por CO (concentrações entre as 300 e 500 ppm) e necessitam de tratamento hospitalar, nomeadamente com oxigenoterapia hiperbárica, em que os doentes inalam oxigénio a 100%, com uma pressão superior à pressão atmosférica.

O gás, que é considerado um ‘assassino silencioso’ por ser invisível e não ter cheiro, foi também alvo de uma publicação da associação Chama Saúde, que presta auxílio médico aos bombeiros voluntários, e onde se estipula que a concentração sanguínea de CO entre os 41% e os 59% é considerada grave e acima dos 60% fatal. Outro estudo, com cerca de 20 anos, de especialistas do Hospital Dona Estefânia (Lisboa) avisava que os níveis fatais são usualmente superiores a 70%, mas a morte pode ocorrer com valores inferiores.

Em Portugal, faltam dados sobre o número de acidentes e de mortes provocados por intoxicação por gases. As exceções aparentam ser dados divulgados, em duas ocasiões, pelo Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) sobre o número de vítimas mortais intoxicadas, sujeitas a autópsia.

Segundo aqueles dados, no período de seis anos, entre 2005 e 2011, morreram 111 pessoas por inalação de monóxido de carbono, um valor que aumentou consideravelmente entre 2018 e 2022, quando morreram 171 pessoas, em situações onde se incluíam incidentes com lareiras, braseiras e esquentadores, segundo o INMLCF.

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