Portugal
Uso consistente de preservativos fortalece saúde sexual?
O Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) vai estudar os comportamentos sexuais em Portugal e Espanha para perceber o que leva ao aumento de relações de risco e apresentar soluções para diminuir os casos de infeções sexualmente transmissíveis.
O projeto “Prevent2Protect: Motivational determinants of consistent condom use”, que irá analisar comportamentos sexuais em Portugal e Espanha, é liderado por uma equipa do ISCTE, com a participação de investigadores internacionais, e foi um dos 15 projetos financiados pela Fundação “la Caixa”, no âmbito do concurso Social Research 2020, adianta o instituto em comunicado.
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“Regista-se uma baixa aposta na prevenção durante as relações sexuais. Este problema só poderá ser combatido depois de se encontrarem as razões para que tal aconteça”, afirma David L. Rodrigues, coordenador da investigação e professor e investigador do ISCTE.
Segundo o coordenador do projeto, “o uso mais consistente do preservativo pode fortalecer a saúde sexual da população e ajuda a controlar a propagação de infeções sexualmente transmissíveis (IST)”.
No entanto, sublinha o investigador, os dados mostram que as pessoas estão a praticar o oposto: “os comportamentos sexuais de risco continuam a aumentar”.
Estudos em Portugal e Espanha indicam que, de 2002 a 2018, aumentou de 7% para 34% o número de adolescentes portugueses e espanhóis que optaram por ter relações sexuais sem preservativo. São também 34% os adultos portugueses que se envolveram sexualmente com parceiros casuais nos últimos meses e que não usaram preservativo.
“Este é um grave problema de saúde pública e que merece uma profunda reflexão”, afirma David L. Rodrigues, citado no comunicado.
“Portugal tem sido um dos cinco países europeus com uma taxa mais elevada de novos casos de VIH” e é, ainda, o país da União Europeia com o maior número de diagnósticos tardios de sida.
O “Prevent2Protect”, o único projeto português premiado entre as 768 candidaturas submetidas ao concurso Social Research 2020, vai consistir em três estudos que irão ser realizados a cerca de 1.000 inquiridos.
“As diferenças de pensamento entre as pessoas mais focadas na segurança e as que estão mais focadas no prazer estão na base deste projeto”, afirma David L. Rodrigues.
“Queremos, sobretudo, compreender por que algumas pessoas usam preservativos e outras não, de modo a podermos contribuir para melhorar a saúde sexual das pessoas através da prevenção”, explica.
No primeiro estudo serão avaliadas as razões pelas quais a pessoas usam preservativos ou optam por comportamentos sexuais de risco, enquanto o segundo visa compreender de que forma a perceção do risco associada a não usar preservativo pode determinar comportamentos de saúde sexual.
Já o terceiro estudo irá perceber se as motivações para a segurança levam a um uso mais consistente de preservativo ao longo de seis meses – e se isso acontece por existir consciência das implicações de saúde que podem surgir com a ausência de preservativo.
“As conclusões deste projeto serão relevantes para organizações sem fins lucrativos e para instituições de saúde pública”, refere o investigador.
“A partir dos contributos desta investigação será possível formular políticas públicas, fornecer recomendações baseadas em evidências para implementar comportamentos sexuais seguros e, também, aumentar a consciencialização sobre a saúde sexual”, salienta.
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