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Universidade de Coimbra vai receber 5 milhões de euros para reforço da investigação científica em neurociência cognitiva e nas ciências biomédicas
Dois investigadores da Universidade de Coimbra (UC), Jorge Almeida, docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCEUC) e diretor do Proaction Lab, e Paulo Oliveira, investigador e vice-presidente do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC-UC), conquistaram 5 milhões de euros (cerca de 2,5 milhões para cada projeto financiado) para potenciar e otimizar a investigação na Universidade de Coimbra nos domínios da neurociência cognitiva e das ciências biomédicas.
O financiamento vai permitir, ao longo de cinco anos, potenciar estas áreas de investigação na UC. Os projetos são financiados no âmbito das ERA Chair Actions, mecanismo de financiamento da Comissão Europeia que apoia universidades e centros de investigação para que possam atrair e manter recursos humanos qualificados e, em simultâneo, potenciar a investigação de excelência nos seus domínios de atuação.
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Jorge Almeida vai coordenar a ERA Chair “CogBooster”, que tem por objetivo central «criar e sustentar um grupo de investigação extremamente forte na área da Neurociência Cognitiva, que deverá também apoiar a investigação aplicada feita atualmente na FPCEUC, enquadrando a inovação nela desenvolvida numa ciência fundamental forte. A Neurociência Cognitiva é uma área de ciência básica (ou seja, não aplicada) que estuda como processos cognitivos, sociais e emocionais são implementados no cérebro», explica o docente e investigador da UC.
«Desde a última década do século passado, esta é uma das áreas mais centrais nos melhores Departamentos/Faculdades de Psicologia da Europa e do mundo. Especificamente, pelo menos 40% das pessoas nestes departamentos dedicam-se à investigação e docência na área da Neurociência Cognitiva. A percentagem de docentes e comunidade de investigação afetos a esta área disciplinar nas Faculdades de Psicologia em Portugal situa-se, em média, nos 12%, isto num contexto com mais de 80% de docentes afetos a áreas aplicadas da Psicologia, nomeadamente à área da saúde mental, o que não se passa nos departamentos ou faculdades de Psicologia que são referência mundial», contextualiza Jorge Almeida. Neste contexto, a ERA Chair “CogBooster” pretende vir a «ter um efeito transformativo no reforço da investigação científica em Neurociência Cognitiva em Portugal, tanto ao nível académico, como ao nível societal, tornando-a mais próxima dos exemplos dos melhores departamentos de psicologia europeus e mundiais», acrescenta.
Este projeto vai ter como líder (o “ERA Chair Holder”) Alfonso Caramazza, professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos da América, «um dos investigadores mais respeitados e citados no campo da Psicologia e Ciência Cognitiva, que publicou mais de 450 artigos e capítulos de livros, tendo sido agraciado com inúmeros prémios e distinções, que tem vindo a contribuir, de forma central, para o desenvolvimento da Neurociência Cognitiva e da Psicologia, nomeadamente das áreas psicolinguística, da memória semântica, das representações mentais e da sua organização no cérebro, e no estudo de pacientes com lesões neuronais», destaca Jorge Almeida. O “ERA Chair Holder” vai liderar a equipa do projeto “CogBooster” e coordenar os esforços de investigação e de disseminação, de modo a reforçar a área da neurociência cognitiva na Universidade de Coimbra.
O grupo de investigação vai integrar atuais docentes e investigadores da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UC, nomeadamente, Maria Paula Paixão, Leonor Pais e Óscar Gonçalves, além de Jorge Almeida. Futuramente, vai permitir a contratação de uma equipa alargada de investigação e docentes.
O projeto “EXCELScIOR” foi igualmente financiado como ERA Chair na Universidade de Coimbra. Coordenado por Paulo Oliveira, investigador e vice-presidente do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC), tem por objetivo «alavancar a excelência científica e o potencial de inovação da Universidade de Coimbra, começando pelas Ciências Biomédicas, através do desenvolvimento da área ciência da ciência (também conhecida por meta-ciência ou meta-investigação)», explica o coordenador.
«A meta-investigação é a área científica que estuda a própria ciência, procurando aumentar a qualidade da investigação científica, ao mesmo tempo que reduz o desperdício de recursos em trabalhos que não são válidos ou que não são reproduzíveis. O conceito traduz-se na otimização de elementos-chave do processo científico, como métodos, relatórios, divulgação e reprodutibilidade. A meta-ciência passa ainda pela otimização da partilha de dados e de resultados, pela melhoria do uso de métodos (estatísticos, laboratoriais, computacionais e clínicos), pela criação de uma avaliação de investigação e cultura de recompensa alinhadas com uma produção científica confiável e promovendo a Ciência Aberta», elucida o investigador da UC.
O “ERA Chair Holder” deste projeto é John Ioannidis, professor da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos da América, «uma das autoridades máximas a nível mundial em meta-investigação, sendo um dos investigadores mais influentes e citados em todo o mundo», destaca Paulo Oliveira. Ainda segundo o investigador, «o professor Ioannidis irá liderar na UC um grupo de investigação de topo mundial a contratar e que, com a participação de diversos membros da comunidade da UC, venha a potenciar a ciência de excelência e implementar mudanças estruturais profundas, de modo a que a instituição atinja a excelência naquela área de uma forma sustentada». O investigador destaca ainda o contributo crítico de Elsa Henriques, coordenadora do gabinete de projetos do CNC-UC, não só para o sucesso da proposta, mas na futura implementação do projeto na UC.
Paulo Oliveira acrescenta que «pretende-se ainda que esta área venha a ter impacto na investigação desenvolvida por outros grupos do Laboratório Associado CIBB – Center for Innovative Biomedicine and Biotechnology, que integra o CNC-UC e o iCBR, Coimbra Institute for Clinical Biomedical Research – reforçando a maior reprodutibilidade e um menor viés na implementação de protocolos experimentais. Ao mesmo tempo, será estimulada a partilha de dados de investigação em modo aberto, para que assim a investigação tenha maior alcance e impacto na sociedade».
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