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Universidade de Coimbra mostra que qualidade ecológica dos rios pode ser inferior devido à presença de espécies exóticas

Notícias de Coimbra | 1 dia atrás em 27-01-2025

Imagem: Filipe Ribeiro

Um estudo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) concluiu que poucos índices biológicos usados na monitorização dos rios contemplam a análise das espécies exóticas e que a abundância de espécies exóticas está associada à degradação dos rios, tendo um efeito significativo na abundância e presença das espécies nativas.

Esta investigação internacional, liderada por Maria João Feio, com a participação de Janine Silva e Sónica Serra, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da FCTUC, está publicada na revista científica Journal of Environmental Management.

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“Este estudo teve como objetivo compreender, a nível mundial, se a avaliação da qualidade ecológica dos rios reflete a presença de espécies exóticas (não-nativas de uma região) nos ecossistemas ribeirinhos. Em Portugal, assim como em toda a Comunidade Europeia, e em vários países do mundo, existem índices baseados nas comunidades aquáticas de peixes, invertebrados, microalgas e plantas aquáticas, considerados bioindicadores de qualidade ecológica”, explica Maria João Feio.

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No entanto, de acordo com a especialista, quando muitos destes índices foram desenvolvidos não existiam ou não eram conhecidas tantas espécies invasoras aquáticas. “Desta forma, tentamos perceber quais destes grupos biológicos têm mais espécies exóticas reportadas e conhecidas, se os índices existentes contemplam a avaliação específica de espécies exóticas e se, contemplando ou não, os índices refletem o efeito das espécies exóticas na qualidade do ecossistema”, revela.

Além disso, os autores concluíram ainda que, em 17 países dos seis continentes, as espécies exóticas mais reportadas dentro dos grupos de bioindicadores aquáticos são os peixes, devido ao seu tamanho, valor comercial e maior conhecimento histórico das espécies nativas. No que respeita às microalgas exóticas, são as menos conhecidas, seguidas dos invertebrados bentónicos.

“Em Portugal, temos situações distintas conforme o elemento biológico utilizado na avaliação da qualidade dos rios. O índice usado para as comunidades de peixes já inclui uma métrica que avalia a presença e abundância de espécies exóticas. Já o de plantas aquáticas, inclui uma avaliação parcial dessas espécies, e, no caso dos invertebrados, o índice oficial não contempla uma avaliação das espécies exóticas. Assim, podemos ter avaliações que sobrevalorizam a qualidade biológica dos rios nestes últimos casos. Embora isso dependa da influência que uma dada espécie tenha no ecossistema, que não é sempre a mesma”, termina Maria João Feio.

Perante estes resultados, os especialistas recomendam a inclusão de métricas específicas para espécies exóticas nos índices de qualidade biológica utilizados na avaliação ecológica dos rios; o aumento da investigação da taxa de exóticos de grupos de organismos aquáticos mais pequenos; a necessidade de investir na identificação taxonómica ao nível da espécie em programas de monitorização, de forma a reconhecer espécies exóticas; e a necessidade de incentivar comportamentos que previnam invasões aquáticas nos rios, entre outras medidas.

O artigo científico “The impacts of alien species on river bioassessment” está disponível para consulta aqui.

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