Coimbra
Universidade de Coimbra considera duvidoso que mais meios de combate a incêndios “pudesse ter feito grande diferença”
O Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra considera duvidoso que a existência de mais meios operacionais, incluindo meios aéreos, “pudesse ter feito grande diferença” no combate aos incêndios de 15 de outubro de 2017.
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“É duvidoso que a existência de mais recursos operacionais, incluindo meios aéreos, pudesse ter feito uma grande diferença, perante o número e violência dos incêndios ocorridos”, refere o relatório “Análise dos Incêndios Florestais ocorridos a 15 de outubro de 2017”, hoje tornado público pelo Ministério da Administração Interna (MAI).
No entanto, o documento feito pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra, sob coordenação de Domingos Xavier Viegas, sustenta que a definição rígida de períodos de risco de incêndio baseadas em datas do calendário, como acontecia em outubro de 2017, sem tomar em conta as alterações sazonais da meteorologia, e “uma preocupação com a contenção de despesas terão levado a reduzir o dispositivo operacional, sem prestar a devida atenção ao risco extremo de incêndio que estava previsto”.
“Esta falta de recursos ter-se-á sentido sobretudo na ausência de uma vigilância mais reforçada, que reduzisse o número de ignições, pelo menos no dia 15, que deram origem ao registo de 517 ocorrências”, sustenta.
O documento encomendado pelo Governo indica que mais meios podiam ter feito “alguma diferença se tivessem contribuído para reduzir o número de ocorrências e conseguido extinguir a maioria dos incêndios na sua fase inicial”.
Mas, avança o relatório, as condições de vento que existiram – induzidas pela passagem do furacão Ophelia – quando os incêndios se encontravam desenvolvidos, “era virtualmente impossível enfrentar o fogo em segurança”.
Segundo o Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra, “a própria tarefa de defender pessoas e bens foi limitada pela dificuldade de gerir os recursos e de os colocar onde fossem requeridos pela inviabilidade de muitos percursos”.
Sobre os recursos de combate disponíveis em outubro de 2017, o documento indica que a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) pediu um ao MAI, a 27 de setembro e 09 de outubro, um reforço de meios terrestre e aéreos, que se veio a concretizar embora “em número inferior ao solicitado”, tendo sido recusado nomeadamente o reforço de quatro aviões anfíbios médio.
A equipa do investigador Xavier Viegas considerou igualmente apropriado que a ANPC tenha colocado todos os distritos em nível de alerta máximo perante as previsões adversas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera para o dia 15 de outubro.
No capítulo dedicado às recomendações, o relatório adianta que atualmente “não se assiste a uma época bem definida de incêndios florestais pelo que os meios em prontidão devem ser ajustados em função das condições de risco de incêndio e não em função do calendário”.
“Em consonância, o pré-posicionamento dos meios de combate em locais estratégicos deve considerar a distribuição territorial prevista do risco de incêndio, permitindo que qualquer ocorrência seja prontamente combatida e que, na eventualidade do desenvolvimento de um incêndio com maiores dimensões, as equipas de reforço ao combate possam chegar ao teatro de operações da forma mais rápida”, indica ainda.
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