Opinião
Uma nova missão
Pedro Nuno Santos, foi eleito Secretário-Geral do PS. Numa eleição sonolenta, já que previsível, enfrentou José Luís Carneiro que foi dar o corpo às balas, e posicionou-se para um futuro, em que poderá ter outro papel de maior relevância partidária e nacional.
Bom….isto já todos sabiam e sabem. Também é facto conhecido que Pedro Nuno Santos arrastará o PS para a esquerda, enquanto José Luís Carneiro posicionaria o partido socialista mais ao centro.
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Mas, de facto, quantos militantes do PS que votaram, pensaram efectivamente nisto e nas consequências para o partido e para Portugal destes posicionamentos dos aspirantes a líderes? Alguns militantes….poucos, dos que votaram. E, para tal, bastaria perguntar quantos dos que exerceram o seu direito na urna de voto, leram o programa de candidatura destes dois concorrentes. Menos ainda…ou quase nenhum.
É que exceptuando os militantes que integram órgãos do partido, sejam nacionais, regionais ou locais, os restantes não tiveram o esclarecimento claro e necessário para compreenderem e conscientemente escolherem um novo líder. Valeram-se dos insistentes comentadores televisivos que em repetidas frases feitas debitaram alguns (poucos) aspectos, que faziam divergir as duas candidaturas.
Mas isto não é um mal único do Partido Socialista. No Partido Social Democrata é a mesma coisa. Dão-se umas entrevistas televisivas, bate-se nos adversários políticos – não no adversário concorrente – e, no final, apela-se à união de todos – vencedores e vencidos -, com umas frases repetitivas, sorrisos amarelos, e promessas de um novo futuro sem relegar o passado.
Pois…e depois André Ventura sobe nas sondagens. É que o carácter mofento dos dois partidos baluartes da democracia portuguesa, acrescido aos sucessivos “desastres” individuais de figuras proeminentes destes dois partidos, e um desconhecimento do que é, efectivamente, defendido pelo PS e PSD para a sociedade portuguesa, fazem crescer o montinho de gelo e transformá-lo no iceberg dos extremismos nacionalistas, xenófobos, retrógrados e populistas.
É tempo de pararem. Pensarem. Reorganizarem-se como partidos do século XXI. Apresentarem propostas concretas, legíveis, lúcidas, exequíveis, e demonstrarem que pretendem uma decisão esclarecida, primeiro dos militantes, e depois do povo. E responsabilizarem-se, individualmente, pelo que de bom fizeram e pelo que de mau deixaram.
E, admitirem, também, que o exercício de funções públicas não é para jovens carreiristas das “jotas”, mas para quem tem uma coluna vertebral rígida, estudou, trabalhou, mostrou o que vale, e tem o espírito que permite a troca de ganhar mais no privado, pela missão pública que é servir a sociedade.
Assim, só ganharia a democracia representativa, e, consequentemente, aqueles que são diariamente visados por ela: todos nós, os portugueses.
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