Região

Um roteiro histórico pela linha defensiva do Mondego

Notícias de Coimbra | 2 horas atrás em 21-04-2025

Entre as colinas e vales do centro de Portugal, esconde-se uma das páginas menos conhecidas, mas profundamente marcantes, da história da resistência nacional: a Linha Defensiva do Mondego.

A Linha Defensiva do Mondego era uma zona de fronteira peninsular que dividia os Reinos de Leão e Castela dos seus rivais muçulmanos. Esta não era uma linha contínua e bem definida, mas sim uma construção estratégica de vários pontos de vigia e de defesa distribuídos ao longo do rio Mondego e dos seus afluentes.

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De acordo com a história, em 1064, Fernando Magno, rei de Leão, conseguiu recuperar definitivamente Coimbra para o lado cristão, e entregou o seu governo a Sesnando Davides. Nas décadas seguintes, a cidade e a bacia do Mondego assumiriam, nesta faixa ocidental, a linha de fronteira entre cristãos e muçulmanos.

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Os Castelos de Coimbra, Lousã, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Penela, Soure e a fortaleza de Buarcos, formaram, entre outros, a Linha Defensiva do Mondego, avança o site Castelos e Muralhas do Mondego.

1.Castelo de Coimbra

O Castelo de Coimbra situava-se na atual praça D. Dinis e, segundo se sabe, este foi erguido no século XI, durante o governo de D. Sesnando Davides.

No reinado seguinte, em 1198, D. Sancho I mandou edificar outra torre na parte mais avançada da cidadela, assumindo a designação de Torre Quinária.

Já no século XIV, numa época profundamente marcada pelas guerras de D. Fernando com Castela, o Castelo de Coimbra voltou a ser alvo de importantes obras envolvendo as torres, porta, fosso e barbacã.

No final do século XVIII, o castelo foi praticamente destruído no âmbito da Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra.

2. Castelo da Lousã 

Até ao século XIV, chamava-se Castelo de Arouce e foi construído em posição defensiva e dominante na margem direita do rio Arouce, um dos afluentes do Mondego. Foi depois remodelado por D. Sesmando Davides, governador dos territórios a sul do rio Douro após a conquista definitiva de Coimbra em 1064.

Sabe-se que o Castelo de Arouce já existia em 943, ano em que foi assinado um contrato entre o Abade do Mosteiro de Lorvão e o Moçárabe Zuleima Abaind.

3. Castelo de Miranda do Corvo

Uma torre e uma cisterna são os únicos vestígios materiais do antigo castelo de Miranda do Corvo, estrutura militar que, pela sua posição estratégica, desempenhou um papel particularmente relevante na defesa da linha do Mondego e da cidade de Coimbra entre os séculos XI e XII.

A partir dos finais da Idade Média, o castelo transformou-se numa pedreira, sendo amplamente aproveitado pela população para a construção das suas casas e para a edificação da Igreja.

4. Castelo de Montemor-o-Velho

O castelo de Montemor-o-Velho está localizado na margem direita do rio Mondego e é o castelo de maiores dimensões do conjunto da linha defensiva. A sua posição estratégica tornou-o particularmente cobiçado quer pelas forças cristãs, quer pelas muçulmanas, o que explica os inúmeros combates aí travados no âmbito da Reconquista. Só a partir de 1064, com a conquista definitiva de Coimbra pelas tropas de Fernando Magno, é que a situação se viria a estabilizar.

Em 1071, D. Afonso VI entregou Montemor-o-Velho a D. Sesnando Davides para que este povoasse a região, atraindo clérigos e leigos que edificassem igrejas, casas, hortas e vinhas. Nesta época uma remodelação profunda da fortaleza tornou-a uma peça fundamental na linha de castelos que, de forma articulada, asseguravam a defesa de Coimbra. No caso de Montemor-o-Velho, cumpria-lhe sobretudo defender a região do Mondego de eventuais incursões inimigas vindas por mar.

5. Castelo de Penela

Os testemunhos materiais mais antigos do Castelo de Penela datam do século XI. A reconquista definitiva de Coimbra, em 1064, conferiu a esta fortificação um papel decisivo na linha defensiva da cidade, pela sua posição estratégica na estrada que ligava o Baixo-Mondego a Pombal e Santarém.

O castelo chegou ao século XX num estado próximo da ruína. A intervenção realizada pela Direção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, na década de 1940, conferiu-lhe a sua configuração atual.la.  

6. Castelo de Soure

O Castelo de Soure é o castelo de menor altitude, contudo, representava uma importante linha defensiva por se encontrar na confluência de dois rios, o Arunca e o Anços, afluentes do Mondego e navegáveis na Idade Média.

Mandado erguer por D. Sesnando Davides no século XI, a sua eficiência na defesa de Coimbra caiu um pouco por terra quando, em 1116, uma invasão obrigou a população a destruir bens e construções para depois fugir para Coimbra, abandonando Soure.

A partir do século XIX o castelo de Soure teve uma história atribulada. Duas torres foram vendidas a João Lobo Santiago Gouveia, conde de Verride. Em 1880, o estado de ruína em que se encontrava a torre sudoeste obrigou a Câmara Municipal a dinamitá-la para evitar a derrocada. No século XX o monumento passou para a posse de Santiago Presado e só em 2004 o Município de Soure conseguiu adquiri-lo.

7. Fortaleza de Buarcos (Figueira da Foz)

As caraterísticas da enseada de Buarcos e a facilidade de desembarque que proporciona fizeram desta zona da costa atlântica um ancoradouro privilegiado, tanto para o trato comercial, como para as investidas de corsários e armadas inimigas. Por isso, desde muito cedo, a linha da costa foi pontuada por estruturas de defesa.

Pensada e erguida entre os séculos XVI e XVII, esta estrutura vem substituir outras estruturas militares aí existentes anteriormente e que, pela evolução da guerra, se tornaram obsoletas. Sabe-se que nesta zona da costa existiram torres atalaias e defensivas, pelo menos desde a época de D. Sesnando.

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