Os munícipes de Coimbra foram brindados, esta quarta-feira, com um artigo de opinião do presidente da Câmara, demagogicamente intitulado “Acusado por andar de comboio…”.
José Manuel Silva, acusado pelo Ministério Público de presumível peculato e alegada falsificação de documento, teve tempo para se vitimizar, através de uma narrativa destituída de sentido de autocrítica, na medida em que o MP demorou mais de uma semana a autorizar-me a aceder ao despacho de encerramento de um inquérito do foro criminal.
Interpelado pelo Diário de Notícias, o ex-bastonário da Ordem dos Médicos assume ir recandidatar-se a presidente da Câmara Municipal de Coimbra. Com o apoio do PSD?, questionou um jornalista do DN. Resposta do arguido: “O PSD dirá o que entender quando (…) entender”.
O autarca desfruta da presunção de inocência. Mas essa dimensão das coisas não pode pô-lo a fingir ignorar a mácula inerente à acusação deduzida pela entidade titular da acção penal.
A rábula que consistiu em José Manuel Silva dar uma notícia através de um artigo de opinião é comparável à do indivíduo que arremessa uma pedra e esconde a mão.
Gesto respeitável seria o de convocar uma conferência de Imprensa para, através de jornalistas, divulgar a acusação de que é alvo. Optou por uma charada do género “Me engana que eu gosto”. Fez mal.
OPINIÃO | RUI AVELAR – JORNALISTA
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