Um juiz e dois polícias desenvolveram sistema informático para poupar tempo e dinheiro

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 13-10-2017

Um juiz e dois polícias criaram um sistema informático vocacionado para agilizar a investigação e o julgamento dos megas processos penais e com isso permitir a poupança de tempo e dinheiro ao Estado.

PUBLICIDADE

publicidade

siip

PUBLICIDADE

Hoje, no congresso de juízes, decorreu uma apresentação do Sistema Integrado de Informação Processual (SIIP) com António Costa Gomes, juiz de instrução criminal em Aveiro, e os polícias Ernesto Sousa e António Soares a explicarem a uma plateia de mais de 150 magistrados como a ferramenta que desenvolveram permite poupar tempo e dinheiro quando se trata de julgar grandes processos penais.

A plataforma informática, segundo os seus mentores, permite localizar, consultar e exibir de forma rápida em tribunal documentos por vezes dispersos por centenas de volumes, poupando horas de trabalho e consequentemente dinheiro ao Estado.

“Atualmente exige-se que os vários intervenientes num processo estudem rapidamente as provas. Um julgamento com mais de 120 advogados e arguidos é ingerível. Temos de ter ferramentas que ajudem na celeridade”, defendeu Costa Gomes.

Como exemplo da utilidade do SIIP contou o caso recente de um julgamento em Braga cuja utilização do sistema permitiu encurtar o prazo em dois meses e poupar 130 mil euros em ordenados.

O sistema também está a ser utilizado no processo ‘vistos gold’, cujo julgamento decorre no Juízo Criminal de Lisboa.

“Neste momento já temos uma lista de espera de oito julgamentos e já foi utilizado em 16”, acrescentou.

Há cerca de um ano a plataforma foi apresentada ao Ministério da Justiça, mas até ao momento os seus mentores não obtiveram resposta.

Os únicos custos que o sistema tem para o Estado é a aquisição de um disco externo por processo (cerca de 80 euros), um projetor para projetar a prova e uma tela.

“A poupança em tempo e dinheiro é brutal”, garantiu o magistrado, alegando que “o país não é rico e não tem condições para ter julgamentos a durarem anos”, quando é possível, com uma ajuda informática, reduzir os prazos.

Também o Conselho Superior da Magistratura e a Procuradoria-Geral da República conhecem o sistema e estão “perfeitamente conscientes da importância que uma ferramenta destas tem para os tribunais”, disse o magistrado.

“Acredito que farão tudo o que estiver ao seu alcance para avançarmos com este projeto, porque estão atentos ao que se passa nos tribunais e vão recebendo o ‘feedback’ daquilo que tem sido o resultado nos processos em que tem sido usado o SIIP”, acredita Costa Gomes.

Porém, a equipa queixa-se da falta de tempo para dar formação e apresentar a ferramenta a juízes, procuradores e investigadores policiais.

“Estamos muito limitados pelo tempo porque continuamos a exercer as nossas funções e não conseguimos satisfazer todas as solicitações”, queixou-se.

“No futuro ou o sistema avança para uma nova fase, com a participação de outras entidades ou o destino da plataforma é a gaveta, já que não podemos continuar desta forma informal”, frisou o juiz, desejando que alguém “com poderes de decisão” olhe para o projeto e “lhe dê a devida atenção”

“Da parte dos polícias, procuradores e juízes temos visto o enorme interesse que a ferramenta suscita porque estamos a falar de poupança na fase de investigação e de julgamento”, acrescentou.

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE