Portugal
“Um comboio a 220 quilómetros por hora demora 16 campos de futebol a parar”
Imagem: Correio da Manhã
A prevenção de colhidas por comboios é o objetivo final de quatro ‘workshops’ promovidos pela Autoridade Nacional de Segurança Ferroviária (ANSF) e que vão recolher contributos do setor para oito projetos-piloto a implementar em Portugal, disse a coordenadora.
Lisboa (estação de Braço de Prata), Barreiro (estação da Baixa da Banheira), Olhão (via junto a superfície comercial), Azambuja (estação e plena via em Vila Nova da Rainha), Faro (passagens de nível automatizada e não automatizada) e Cascais (passagem de nível do Estoril) são os seis concelhos que vão acolher os oito projetos-piloto, adiantou a ANSF.
As localizações foram selecionadas com base na informação recolhida por um grupo de trabalho constituído em 2019 com todo o setor ferroviário, que fez “uma caracterização muito detalhada” das colhidas com vítimas mortais e feridos graves, identificando zonas críticas e as suas circunstâncias, destacou à agência Lusa Amélia Santos Areias, coordenadora da ANSF.
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“Nestes quatro ‘workshops’ que vamos promover com o setor ferroviário nacional, mas também com os municípios, vamos abordar em quatro sessões de trabalho diferentes uma estratégia de prevenção de colhidas para a rede ferroviária nacional, mas vamos começar por oito projetos-piloto que vamos propor nestas quatro sessões”, disse.
A coordenadora da ANSF, integrada no Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), precisou que o primeiro dos ‘workshops’, que decorrerão em Lisboa, acontece na quinta-feira, sendo feita uma apresentação geral da problemática, com as constatações do estudo, o que foi identificado e a apresentação de medidas já implementadas com sucesso no estrangeiro.
“E queremos estudar com o setor nacional e os municípios a viabilidade de implementar algumas dessas medidas em Portugal”, acrescentou, precisando que, após a primeira, haverá mais três sessões de trabalho (a 20 e 26 de novembro e a 03 de dezembro) para falar dos oito projetos-piloto que a ANSF espera replicar depois em mais pontos do país.
Os projetos vão ser realizados em zonas demonstrativas das ocorrências, que se registam “tanto em ambiente de estação, como em ambiente de passagem de nível, como também na plena via” e podem afetar pessoas que atravessavam ou caminhavam pela via, distinguiu a coordenadora da ANSF, salientando que as medidas a aplicar devem atender às especificidades locais.
“Isto é um fator muito importante e por isso é que também queremos trazer os municípios a sentar-se na mesma mesa, porque nós também temos que dar aqui soluções do ponto de vista das acessibilidades e dos acessos que as pessoas têm para passar de um lado para o outro da infraestrutura, sem pôr a sua vida em risco”, argumentou.
Amélia Santos Areias salientou ser necessário perceber “o que é que faz sentido e qual é o problema do local em concreto” observando que as soluções devem seguir a estratégia dos três E’s – Engenharia, Educação e ‘Enforcement’ (execução, em português) -, com medidas como automatização, sinalização, vedações ou iluminação, a par da sensibilização para o risco.
“Nós vemos pessoas a atravessar a linha com carrinhos de bebé e isso significa que há uma perceção errada do risco e temos que também trabalhar nestas áreas, sensibilizar as pessoas”, exemplificou, advertindo que “um comboio a 220 quilómetros por hora demora 16 campos de futebol a parar” e é difícil o maquinista deter a composição quando vê o perigo.
Questionada sobre quando podem os projetos-piloto ter início, a coordenadora da ANSF respondeu que será o “quanto antes”, argumentando que, após a definição das soluções para cada local, vai ser estudada a viabilidade e feito o planeamento para a sua implementação.
Os calendários serão, contudo, diferentes, consoante as medidas a executar necessitem de obras ou compra de equipamentos ou envolva outras mais rápidas de implementar.
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