Cidade
Ucranianos em Coimbra manifestam-se contra presença russa na Crimeia
Cerca de 30 pessoas juntaram-se hoje à tarde, em Coimbra, a pedir o fim da presença de forças russas na república autónoma da Crimeia e em solidariedade para com os manifestantes na praça Maidan, onde tinham familiares e amigos.
“Não sei como é que não fiquei doida nos últimos três meses. É muito difícil uma pessoa assimilar tudo o que está a acontecer na Ucrânia”, contou Olga Filipova, que convocou a manifestação para Coimbra, onde, para além de imigrantes ucranianos estavam presentes alguns portugueses.
Segundo a organizadora, apesar da “presença militar da Rússia na Crimeia”, há o sentimento de que, “finalmente, há uma chance para a Ucrânia”.
“Agora, as pessoas estão com atenção ao que está a acontecer no parlamento, quando antes, a maioria, era apolítica”, salientou Olga.
Enquanto assistia ao desenrolar das manifestações, a imigrante ucraniana admite que esteve, “por várias vezes, para comprar o bilhete para Kiev”, indo, definitivamente, em abril, altura em que levará a bandeira portuguesa, assinada na manifestação pelos presentes.
Também Ivan Yudin, investigador na Universidade de Coimbra, acompanhou o desenrolar das manifestações na Ucrânia a partir de Portugal, contudo, afirma que “o coração esteve sempre lá”, na capital Kiev, de onde é natural.
Muitos amigos de Ivan “participaram” nas concentrações a pedir a demissão do primeiro-ministro Ianukovich, que já abandonou o cargo, mas apesar “da esperança” que tem no país, “o medo continua”.
Por isso, está a pensar em “trazer os pais e o irmão” para Portugal, embora “a vida seja mais cara” cá.
Sobre a presença da extrema-direita na praça Maidan, Ivan considera que “dificilmente conseguirão assentos no parlamento”, nas próximas eleições, que serão realizadas a 25 de maio.
“Tenho a certeza que vai para lá um governo corrupto. Não é bom, mas é melhor do que Ianukovich, que estava a criar uma ditadura à imagem da que se vive na Bielorrússia”, sublinhou.
O estudante ucraniano da Universidade de Coimbra Ian Ezerin, apesar de criticar a presença da Rússia na Crimeia e aplaudir a demissão de Ianukovich, em quem votou, afirma-se “pró-russo”, considerando que “há uma maior ligação à Rússia, quer em termos históricos quer em termos de mentalidade”.
Nataliya Naumenko, natural de Cherkassy, no centro da Ucrânia, está a viver há 13 anos em Portugal, e decidiu estar presente na manifestação para mostrar solidariedade para com os manifestantes que exigiram a demissão de Ianukovich.
“Foi muito doloroso acompanhar as manifestações a partir de Coimbra. Nem conseguia dormir”, afirmou, considerando que há um sentimento de “impotência” ao “não estar lá a defender” a sua pátria.
Nataliya queria “muito ir e participar” nas concentrações em Kiev, mas “o marido não deixou”.
Para a emigrante, a presença russa “mostra que o imperialismo soviético não desapareceu” e tem “medo que o conflito se agrave”.
“O Governo da Rússia assusta”, confessou.
A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após a destituição do Presidente Viktor Ianukovich e o início de movimentações militares russas na república autónoma da Crimeia, península do sul do país onde se fala russo e está localizada a frota da Rússia no Mar Negro.
A crise política na Ucrânia começou a 21 de novembro, com a contestação popular da decisão do então Viktor Ianukovich de suspender a aproximação à Europa e reforçar os laços com a Rússia.
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