O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou-se hoje insatisfeito com a trégua limitada na Ucrânia acordada entre os Presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, dado nem sequer ser “um primeiro passo para a resolução” do conflito.
Em declarações aos jornalistas na localidade eslovena de Piran, na última etapa da visita oficial que realizou à Eslovénia, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que “tem sido unânime a reação” de desapontamento, após questionado sobre o contacto telefónico da véspera entre Donald Trump e Vladimir Putin, que acordaram uma trégua limitada em vez de um cessar-fogo.
“Aquilo que Portugal tem defendido é que o cessar-fogo, bem-vindo, não devia ser uma ilusão, devia ser uma oportunidade para construir uma paz digna, justa, duradoura. Ficámos ontem a saber que não é ainda isso. Não se trata de ser um primeiro passo para a resolução do problema e a criação de condições para uma paz justa, digna e duradoura. Nessa medida, embora sendo esperado, ou temido, não é uma boa notícia”, disse.
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Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a importância de os Estados Unidos da América (EUA) permanecerem comprometidos com o processo até ser alcançada uma paz duradoura e depois disso.
“Do mesmo modo que Portugal tem defendido que a Europa deve estar envolvida e que a Ucrânia tem de estar envolvida, é evidente que os EUA têm de estar envolvidos e que, por exemplo, uma solução de cessar-fogo e tentativa de avançar para uma paz sustentável precisa da Europa, mas precisa dos EUA, como é evidente”.
Segundo o Presidente da República, “os EUA porem-se de fora de repente em relação à construção da paz seria um enfraquecimento enorme relativamente a uma paz que se quer que dure” e “por uma razão muito simples: são a potência que são, estiveram envolvidos como estiveram, tiveram realmente um papel importante”, e “é fundamental que mantenham esse papel importante, até porque são importantes no diálogo com a União Europeia e são importantes na NATO”.
Numa conversa telefónica na terça-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin, concordaram com uma trégua de 30 dias na Ucrânia, limitada às infraestruturas energéticas,
Na terça-feira à noite, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que Putin “rejeitou efetivamente a proposta de cessar-fogo” apresentada pelos Estados Unidos e que prosseguiu os ataques contra a Ucrânia.
Marcelo Rebelo de Sousa terminou hoje a viagem oficial à Eslovénia na localidade costeira de Piran, onde, juntamente com a Presidente eslovena, Nataša Pirc Musar, participou numa conversa com alunos universitários da Universidade Euro-Mediterrânica (EMUNI), durante a qual foi extremamente crítico das políticas seguidas pela atual administração norte-americana, no segundo mandato de Donald Trump na Casa Branca.
Lamentando por diversas vezes o que classificou como a “nova desordem internacional”, que diz ter começado em 2016 (início do primeiro mandato de Trump) mas ter-se agravado agora, Marcelo Rebelo de Sousa lamentou designadamente que já não se possa contar com os Estados Unidos no combate às alterações climáticas, criticando ainda os “radicalismos” em termos de migração.
A convite de Nataša Pirc Musar, Marcelo Rebelo de Sousa realizou esta semana uma visita de Estado à Eslovénia, a segunda do atual mandato, depois daquela realizada em 2021, ano em que os dois países assumiram a presidência semestral rotativa do Conselho da União Europeia.
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