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Ucrânia impõe vistos à entrada de cidadãos russos a partir de julho
A Ucrânia vai impor vistos para os russos a partir de 01 de julho, anunciou hoje o Presidente Volodymyr Zelensky, quando se aproximam os quatro meses da invasão russa do país.
“A Ucrânia vai introduzir um regime de vistos para os cidadãos russos a partir de 01 de julho com o objetivo de “contrariar as ameaças sem precedentes à segurança nacional, à soberania e à integridade territorial do nosso Estado”, indicou no Telegram o chefe de Estado.
Uma hora e meia mais tarde, o primeiro-ministro Denys Chmygal anunciou a adoção pelo seu Governo de uma decisão formal relativa à rutura de um acordo sobre o regime “sem vistos” com a Rússia.
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“Rompemos em definitivo as ligações com a Rússia”, acrescentou.
A aprovação deste regime implica o fim das viagens sem visto para os russos que estava em vigor desde 1991, na sequência da independência da Ucrânia após a desintegração da União Soviética.
“No âmbito da guerra desencadeada pela Rússia, é necessário reforçar o controlo sobre a entrada de cidadãos russos na Ucrânia. A segurança é a prioridade”, acrescentou Andrii Iermak, chefe da administração presidencial.
A Rússia e a Ucrânia, duas ex-repúblicas soviéticas eslavas, partilham uma fronteira comum com cerca de 2.300 quilómetros e estão ainda muito próximas devido às ligações familiares entre os seus cidadãos.
O número de russos que viajavam para a Ucrânia registou uma queda abrupta após a anexação em 2014 por Moscovo da península da Crimeia, seguida de uma guerra civil entre o exército de Kiev e as forças separatistas russófonas do leste da Ucrânia, apoiadas pelo Kremlin.
Em 2013, 10,8 milhões de russos visitaram o país vizinho, mas esse número caiu para 2,5 milhões em 2014, e reduzindo-se para 1,5 milhões por ano entre 2015 e 2019, indicou à agência noticiosa AFP Andrii Demtchenko, porta-voz dos guardas fronteiriços ucranianos.
Nos anos de 2020 e 2021, e em plena pandemia do covid-19, o número de viajantes russos não ultrapassou os 500.000 por cada ano, segundo a mesma fonte.
A Ucrânia, que registou duas revoltas “pró-ocidentais” desde 2004, e onde a língua russa continua a ser muito generalizada, tornou-se ainda nos últimos anos um destino de exílio para muitos opositores russos ao regime de Vladimir Putin.
No final de janeiro, cerca de 175.000 russos beneficiaram de uma licença de permanência na Ucrânia, estimando-se que muitos outros cidadãos se mantinham no ilegalmente no país.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 15 milhões de pessoas de suas casas – mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou que 4.509 civis morreram e 5.585 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 114.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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