Universidade
UC no Satélite que vai servir de referência para GPS
Uma equipa de cientistas portugueses participa, quinta-feira, no lançamento do satélite Gaia, que vai medir a posição e movimento de cerca de mil milhões de estrelas na Via Láctea e servirá de referência futura para o GPS.
“O objetivo é medir com uma extrema exatidão as posições e os movimentos de cerca de mil milhões de estrelas na Via Láctea”, explicou à Lusa André Almeida, astrónomo e investigador principal da equipa de cientistas portugueses na missão Gaia.
Segundo André Almeida, medir as posições das estrelas com precisão vai permitir determinar a distância às estrelas a partir da Terra e proporcionará pela primeira vez uma visão global da Via Láctea em 3D (três dimensões).
“Será idêntico a medir a espessura de um cabelo à distância de mil quilómetros ou conseguir ver o tamanho de uma unha de uma pessoa que esteja na Lua”, exemplifica o cientista, de 46 anos, sublinhando que é a primeira vez que uma equipa de cientistas portugueses participa na definição e concretização de um programa científico da Agência Espacial Europeia.
O satélite é lançado na quinta-feira de Kourou, na Guiana Francesa.
A missão vai também ter impacto sobre a vida quotidiana do cidadão comum, pois com a exatidão que o satélite Gaia vai permitir ter, ele próprio vai servir de referência futura para o GPS.
O catálogo de posições estelares ultra exatas servirá de referência para sistemas de posicionamento como o GPS e, ao longo de cinco anos, o satélite produzirá um arquivo de cerca de um petabyte (mil terabytes).
O astrónomo, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e o resto da sua equipa constituída por mais 13 elementos – entre cientistas seniores e bolseiros – fazem parte do grupo de pessoas que inventou o satélite e que definiu a missão, embora o construtor principal do satélite seja a empresa EADS-Astrium.
Participar neste programa científico é importante, conta André Almeida, porque a missão Gaia “representará uma revolução do entendimento do Universo.
“Estimamos que a missão venha a detetar milhares de planetas extrassolares, “Near Earth Objects” (NEOs – asteroides que podem colidir com a Terra) e supernovas”, disse.
Participar nesta missão é também “uma prova de que os cientistas em Portugal são muito persistentes, mas que têm as competências necessárias para participarem e se afirmarem nos projetos científicos mais avançadas do mundo”, declarou, acrescentando que é necessário existir uma melhor estratégia nacional para a ciência.
A equipa nacional integra-se num consórcio internacional de cerca de 400 elementos. Inclui investigadores e engenheiros das Universidades de Lisboa, Nova de Lisboa, Coimbra e Porto.
O financiamento tem sido assegurado pelas universidades envolvidas, Fundação para a Ciência e a Tecnologia e pelo 7º Programa Quadro da Comunidade Europeia.
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