Justiça
Tripulante de ambulâncias finge ser advogada para burlar homem de Tábua com escritura de terreno

O Tribunal de Coimbra começa a julgar na segunda-feira uma mulher de 42 anos acusada de se fazer passar por advogada e de burlar um homem de Tábua em mais de 100 mil euros na escritura de um terreno.
A mulher, tripulante de ambulâncias residente em Lisboa, é acusada de um crime de burla qualificada e de um crime de usurpação de funções, com o Ministério Público a pedir que seja declarada a perda de 70 mil euros, já que a arguida, no decorrer do processo, devolveu parte dos 137 mil euros que terá retirado à vítima.
Segundo a acusação a que a agência Lusa teve acesso, o homem que terá sido vítima de burla contactou a arguida pensando que esta era uma advogada de Lisboa para ver reconhecida uma servidão de águas, no concelho de Tábua.
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A arguida ter-se-á prontificado a regularizar a situação, através de uma escritura de usucapião, tendo pedido a transferência de 480 euros para dar início à prestação dos serviços jurídicos.
Nesse mesmo ano, a mulher terá dito à vítima que a questão relacionada com a servidão de águas estava bem encaminhada, pedindo um novo pagamento de 750 euros para a realização da escritura.
Entretanto, o homem abordou a arguida sobre o facto de não lhe ter sido concedido direito de preferência na compra de um terreno, confinante de outro do qual já era proprietário, manifestando a vontade de exercer esse direito pela via judicial.
A arguida mostrou-se disponível para resolver o assunto, pedindo logo um cheque com o valor do tal terreno, de 25 mil euros, alegadamente para o depositar à ordem do tribunal, contou o Ministério Público.
Ao longo dos meses, a arguida terá pedido novos valores, referindo que haveria outros interessados no prédio rústico, entre outras justificações para novas transferências por parte da vítima.
Ao todo, terá recebido um total de 137 mil euros por parte da vítima.
Em outubro de 2019, a arguida apresentou um alegado título de usucapião, referindo que a questão da servidão de águas já estava regularizada.
Mais tarde, a arguida terá redigido um documento de compra e venda, alegando que a questão do terreno ficaria resolvida, apresentando à vítima e sua mulher o documento para assinarem.
Já depois de ter entregue esse documento, voltou a pedir novo pagamento, em novembro desse ano.
Segundo o Ministério Público, a arguida não tinha qualquer formação em direito e era jogadora habitual de casinos, onde gastaria “elevadas quantias de dinheiro”.
A acusação refere ainda que a mulher já tinha sido condenada pelo crime de usurpação de funções.
O julgamento começa na segunda-feira, às 09:30.
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