Crimes
Tribunal vai julgar mulher suspeita de matar homem e colocar corpo em mala de viagem
O Tribunal de Loures começa a julgar em janeiro uma mulher acusada de, em 2015, matar um homem e colocar o corpo numa mala de viagem, com a ajuda de uma pessoa que a investigação não conseguiu identificar.
A acusação do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve hoje acesso, refere que a arguida, atualmente com 63 anos, tinha um companheiro, mas mantinha uma “relação amorosa” com a vítima, a qual terá matado (através de asfixia) para ficar com um cartão de multibanco.
O MP conta que em 10 de agosto de 2015 o homem “decidiu mudar-se” para a residência da arguida, na Malveira, concelho de Mafra, distrito de Lisboa, para a ajudar na recuperação de um acidente de trabalho que lhe provocou queimaduras no corpo.
A arguida, receando que o companheiro descobrisse o relacionamento, e também para se “apoderar do dinheiro que existisse nas contas bancárias de José Lavos, através da utilização do seu cartão de débito, […] planeou e executou com um terceiro, de identidade não apurada”, matar a vítima e esconder o corpo, diz a acusação, assinada pela procuradora-adjunta Susana Galucho.
Assim, acrescenta, “em conjugação de esforços e na execução de plano comum, em local e data não concretamente apurados, mas compreendida entre 10 e 28 de agosto de 2015”, a arguida e o cúmplice “desferiram pancadas em diversas partes do corpo” e asfixiaram a vítima até à morte.
De seguida, acrescenta a acusação, a arguida e a pessoa que a auxiliou “colocaram o corpo de José Lavos dentro de uma mala de viagem – mala preta – e abandonaram-na num local descampado na Rua Principal Estrada de Carcavelos, Fontanelas”, na freguesia de Lousa, concelho de Loures (distrito de Lisboa), “dentro de um buraco de formações rochosas, colocando-lhe pedras em cima com o intuito de tornar mais difícil a sua descoberta”.
À data dos factos, a arguida trabalhava numa fábrica a cerca de 700 metros do local aonde foi abandonada a mala, que acabou por ser descoberta em 17 de outubro do mesmo ano.
O MP sustenta que, fruto do relacionamento amoroso que mantinha com José Lavos, a arguida sabia o código do cartão de multibanco associado a uma conta bancária da vítima, na qual esta recebia o subsídio de desemprego.
“Confiante de que, com a morte deste, a sua atuação não seria descoberta, a arguida dirigiu-se a caixas automáticas de ATM, com o objetivo de se apoderar de todo o dinheiro existente nessa conta bancária e efetuou levantamentos em dinheiro num montante global de 760 euros”, descreve a acusação.
No âmbito das buscas domiciliárias efetuadas à residência da arguida, a Polícia Judiciária encontrou uma mala da mesma marca daquela em que apareceu o cadáver e um telemóvel, usado depois do desaparecimento da vítima, em locais nos quais foram efetuados os levantamentos com o cartão de débito.
A procuradora-adjunta Susana Galucho, do Departameento de Investigação e Ação Penal de Loures, sublinha que a arguida atuou “de forma brutal, fria e determinada”, com “o intuito concretizado de se apoderar do cartão de José Lavos”.
A mulher, que se encontra em liberdade com termo de identidade e residência, está acusada de quatro crimes: homicídio qualificado, profanação de cadáver (estes em coautoria), burla informática e furto.
O início de julgamento está agendado para 14 de janeiro de 2020.
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