Justiça

Tribunal da Relação de Coimbra diz que ex-presidente do Beira-Mar deve ser julgado

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 13-11-2013

O Tribunal da Relação de Coimbra considera, em acórdão consultado hoje pela agência Lusa, que o antigo presidente do Beira-Mar Mano Nunes deve ir a julgamento, num processo relacionado com a venda do terreno das piscinas do clube.

No acórdão, os juízes da Relação rejeitaram o recurso apresentado pela defesa do ex-dirigente em que era pedida a revogação do despacho da juíza de instrução criminal, que confirmou a acusação do Ministério Público (MP) pela alegada prática dos crimes de crimes de peculato e burla qualificada.

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Mano Nunes é suspeito de se ter apropriado de cerca de um milhão de euros que entrou nos cofres do Beira-Mar como parte da venda do imóvel, mas o ex-dirigente alega que apenas recebeu o dinheiro que tinha emprestado ao clube, não beneficiando de nada que não lhe pertencesse.

No entanto, os juízes desembargadores da Relação entenderam que o arguido não tem razão, defendendo que Mano Nunes tinha um eventual crédito sobre o Beira-Mar, mas “não era dono do dinheiro que estava depositado nas contas do clube”.

“O arguido, ao fazer-se pagar e ao fazer pagar a terceiro à custa daqueles valores, ainda que sob a capa de uma aparente regularidade formal e de uma aparente finalidade lícita, apropriou-se dos mesmos de forma ilegítima”, lê-se no acórdão.

Os desembargadores lembram ainda que o valor obtido com o negócio tinha como destino o pagamento do preço do mesmo ao município de Aveiro, que era o proprietário do imóvel.

No primeiro interrogatório judicial, o arguido confirmou ter recebido os valores em causa por estar convencido que o cheque emitido à ordem da autarquia “não era para pagar”, tendo em conta uma informação que alegadamente teria sido prestada pelo então presidente da Câmara, Élio Maia.

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“O dinheiro não podia permanecer nas contas do clube pois podia ser penhorado”, adiantou Mano Nunes, explicando que atuou dessa forma pois tinha emprestado avultados valores ao clube e tinha direito a ser ressarcido.

Ouvido pela juíza de instrução criminal, Élio Maia negou que em momento algum tenha comunicado que o cheque não era para pagar e que posteriormente haveria algum acerto de contas.

O acórdão da Relação de Coimbra manteve ainda as medidas de coação impostas a Mano Nunes, nomeadamente a prestação de caução no valor de 250 mil euros, rejeitando o pedido do arguido para que o montante da caução fosse substituído por um valor inferior a 50 mil euros.

Além da caução, que já foi prestada através de garantia bancária, Mano Nunes está ainda proibido de contactar várias testemunhas no processo e de se ausentar para o estrangeiro.

O negócio da venda das piscinas, concretizado em julho de 2009, suscitou acesa polémica no meio político aveirense, pelo facto de a autarquia ter vendido o terreno por 1,2 milhões de euros ao Beira-Mar, que o revendeu pelo dobro do preço, no mesmo dia, a uma empresa imobiliária.

Até agora, o clube apenas liquidou 200 mil euros do negócio, tendo chegado a acordo com a autarquia para o pagamento do restante – cerca de um milhão de euros – em seis prestações anuais de 200 mil euros, vencendo-se a primeira prestação no final do corrente ano.

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