Crimes
Traficante quis vender “gato por lebre” e negócio fictício de droga acaba em tiros
O Tribunal de Aveiro condenou hoje a penas de prisão, uma delas efetiva, três indivíduos envolvidos num negócio fictício de droga que terminou com o alegado comprador alvejado a tiro.
A pena mais gravosa foi aplicada ao autor do disparo, que foi condenado a nove anos de prisão, em cúmulo jurídico, pelos crimes de homicídio na forma tentada, detenção de arma proibida e roubo na forma tentada.
Além da pena de prisão, este arguido, que se encontra em prisão preventiva, terá ainda de pagar sete mil euros de indemnização ao ofendido, bem como as despesas com o tratamento hospitalar.
Os outros dois arguidos, de 25 e 34 anos, foram condenados por um crime de roubo em coautoria a penas de dois anos e nove meses e dois anos e meio, que o tribunal decidiu suspender por igual período de tempo. Terão ainda de pagar solidariamente dois mil euros ao ofendido.
Durante o julgamento, o principal arguido negou ser o autor dos disparos, afirmando que não tinha nenhuma caçadeira na sua posse, como refere a acusação do Ministério Público (MP).
“Vim a Aveiro para fazer dinheiro fácil, mas sem o intuito de magoar ninguém. Não trouxemos caçadeira absolutamente nenhuma”, disse, afirmando que o objetivo era “vender gato por lebre”, entregando ao suposto comprador “10 placas feitas de acendalhas” em vez da droga.
O arguido, praticante de artes marciais, referiu ainda que quando se encontrou com o pretenso comprador notou que ele estava “muito desconfiado” e acabou por desistir do negócio, tendo entrado no carro e pedido ao amigo para arrancar.
“Já tínhamos arrancado quando ouvimos um disparo. Não vi nenhuma arma. Não foi nenhum de nós três que disparou essa arma”, afirmou.
O crime ocorreu na madrugada de 27 de fevereiro de 2020, quando os três suspeitos se deslocaram a Aveiro para, supostamente, fazerem a entrega de significativa quantidade de produto estupefaciente a um indivíduo residente nesta cidade.
A acusação refere que durante o encontro, um dos suspeitos terá pegado numa espingarda para lhe roubar 1.700 euros destinado ao pagamento da droga, acabando por efetuar dois disparos, um dos quais atingiu a vítima, abandonando de seguida o local.
Apesar de gravemente ferida, a vítima conseguiu fugir, tendo sobrevivido graças ao auxílio de um amigo que observava o encontro à distância e que a transportou para o hospital.
Na altura da detenção a Polícia Judiciária, (PJ) referiu que os suspeitos residentes na Área Metropolitana do Porto estavam ligados ao “mundo da noite” e tinham antecedentes criminais por roubo, tráfico de estupefacientes e passagem de moeda falsa.
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