Opinião

Trabalhar para os instalados

Opinião | Amadeu Araújo | Amadeu Araújo | 3 meses atrás em 17-08-2024

Com os castelhanos a pedalar na corte, meio país entretido a banhos e um quarto deles a trabalhar, fui apanhado ao supetão com as obras em Coimbra B.

Um provinciano atravessa o IP-3, chega a Coimbra para trasfegar um Alfa e eis o espanto e o pasmo.

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Falta de iluminação e sinalização, falta de um bar e uma opção intragável.

Em bom rigor, quando eu era ganapo, Coimbra era um brio. Havia o médico, o serviço público, o único local onde se podiam comprar as cartas militares e até o States e aquele prego bom, que serviam em Celas. Claro, e as conversas do Trianon.

Hoje Coimbra falece, empurrada para uma estação ferroviária que podia ser muito mais e, sobremodo, desprezando a Estação Central, o que faz uma cidade, que lhe dá identidade, perante o silêncio do Metro do Mondego e das Infraestruturas de Portugal.

Ninguém explica nada, a Estação Central faz todo o sentido, o traçado para o Metro Mondego devia preservar a estação e a linha ferroviária.

Do centro da cidade para toda a Região Centro. Seria assim numa cidade urbana, cordata, os serviços ferroviários da Estação Central e o futuro serviço do Metrobus não são concorrentes, antes complementares, espaços que não impedem a requalificação da Baixa, tampouco a ligação da cidade ao rio.

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Mas a cidade instalou-se, a viver de glórias passadas e da importância que, infelizmente, tem na saúde, hospital de fim de linha para o país esquecido.

Outro testemunho desta instalação é a saída da Universidade de Coimbra do ranking das 500 melhores do mundo.

Coimbra está agora no patamar das 501-600; o Porto conserva-se na lista das 300 melhores e Aveiro conserva o seu lugar no intervalo entre as 400 e as 500. Convencidos e com algum pedantismo, visto daqui da província, a decadência assinala-se quanto não mantemos a vibração e a inovação e nos deslumbramos com o Terreiro sem cuidar do Paço.

Com tempo, e ponderação, haveremos de reformar estes instalados e substituí-los por pessoas com maior dinamismo e vontade.

Vejam, os idosos, com toda a justeza, serão aumentados nas pensões. São 200 euros para quem tem pensões até 509 euros; 150 para quem as tiver entre 509 e 1018,52 euros e 100 euros para as pensões entre 1018 e 1527,78 euros.

Ora se isto não é namorar o eleitorado, é desprezar os moços e moças que fazem este país a salário mínimo.

Um pais com problemas de natalidade, que em vez de apoiar os mais pobres a ter filhos, vai subsidiar reformados de classe média.

O país tem 62% dos trabalhadores por conta de outrem, com salário bruto até 1000 euros. Há ainda 745 mil trabalhadores a receber o Salário Mínimo Nacional.

E gajos, como eu, com 37 anos de trabalho a penar para sustentar este estado de coisas, num país pobre que não consegue plafonar pensões e em que os novos são os burros de carga dos velhos. um atropelo geracional que pagaremos caro.

Percebemos as prioridades e o passe universal de comboios para todo o tipo de ferrovia e que vai custar 20 euros, que servirá meio país.

E nisto poderíamos ver em Coimbra, a polarização, o debate, a discussão e a liderança da região Centro. Não, pior que está noa fica. Às vezes fica.

Como dizia o outro, “a situação é muito melhor do que era no ano passado e no próximo ano vai ser muito melhor do que tem sido este ano”.

Sim, se esquecermos as contas certas e continuarmos a usar orçamento alheio para iludir e adiar futuros. O resto é folclore. e não lhes podemos ser indiferentes.

OPINIÃO I AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA

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