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Trabalhadores da Soporcel manifestam-se contra novo fundo de pensões
Uma centena de trabalhadores da Soporcel manifestou-se hoje em Lisboa contra a alteração pela administração da empresa das regras do fundo de pensões e um aumento salarial que “não tem sido adequado”.
Concentrados em frente da sede do grupo Portucel/Soporcel, em Lisboa, depois de terem viajado da Figueira da Foz em dois autocarros, os trabalhadores mostraram a sua “indignação e descontentamento”, tendo o porta-voz da comissão sindical da Soporcel, Vitor Abreu, dito à Lusa ser “inaceitável” a posição da administração da empresa, pois os trabalhadores com as novas regras “vão ter um prejuízo na ordem dos 40% a 60% nas suas pensões”.
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Em causa no protesto dos trabalhadores da Soporcel, além do caderno reivindicativo para 2014, está o fundo de pensões da empresa que, de acordo com fonte sindical, passará do sistema atual – intitulado de “benefício definido”, em que a empresa contribui com 8% do salário dos trabalhadores e garante o capital do fundo – para um sistema de “contribuições definidas”.
Neste, a participação da empresa baixa para os 4% (podendo os colaboradores, voluntariamente, contribuírem com a percentagem que quiserem), mas o capital existente no fundo passa a depender das flutuações do mercado e outros aspetos.
“Quando mais precisamos é que mudaram as regras de jogo”, lamentou Vitor Abreu.
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, presente na concentração que rumou posteriormente até à sede do Instituto de Seguros de Portugal (ISP), lembrou que a Soporcel “é uma empresa que tem milhões de euros de lucro”, tendo criticado o facto de, neste momento, estar a desenvolver “um processo que visa reduzir a parte que lhe compete comparticipar para o fundo de pensões”.
Isto vai levar a que “os trabalhadores possam ter prejuízos na ordem dos 40 a 60% das pensões que estavam definidas e que agora a empresa está a pôr em causa”, disse.
“Ao assumir publicamente um elevado nível de produtividade dos seus trabalhadores, o que seria correto era que a empresa os motivasse dando-lhes algumas contrapartidas”, frisou.
Para o líder da CGTP, “a obsessão [Soporcel] pelo lucro fácil, à custa da mais exploração” explica o comportamento em relação ao fundo de pensões dos trabalhadores.
António Moreira, coordenador da União Sindicatos de Coimbra, disse no dia 26 de março, em conferência de imprensa realizada na Figueira da Foz, que cerca de 300 trabalhadores da Soporcel, quase metade dos 697 funcionários da papeleira, vão poder acionar o fundo de pensões até 2017, razão que poderá levar a empresa querer mudar as regras daquele complemento remuneratório.
“Entre 2014 e 2017 cerca de 300 trabalhadores estarão em condições de acionar o fundo de pensões. Significa que estamos a falar de montantes significativos, há que tornar isto mais barato, mais sustentável”, concluiu.
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