Portugal
“Ti Natália” traída pelas chamas: “Sempre foste lutadora, sempre pensei que vencias mais esta batalha”
Imagem: DR
Natália de Jesus, morreu aos 81 anos. Foi a oitava de nove vítimas dos incêndios que assolaram o Norte e Centro do país.
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Foi internada em Coimbra onde acabou por perder as forças para lutar.
Para além de ter ficado “imortalizada” num mural em Albergaria-a-Velha, poucos dias antes de falecer, gravou um documentário.
As cerimónias religiosas foram marcadas pelo discurso do filho, Aurélio de Jesus: Ele chegou, o fogo. Eu vi-te e disse ‘foge’. Fugiste à minha frente, fiquei descansado. Fui lutar por aquilo que era nosso, lutei até à exaustão”, de acordo com a reportagem do Correio da Manhã.
“Dando o meu esforço por inglório vendo que não conseguia salvar mais anda, nem fazer mais, desalentado, vim embora. Jamais pensava que te ia encontrar caída no meio do caminho”, recorda.
“Carreguei-te lá para dentro até a um porto seguro. Sempre foste uma lutadora, sempre pensei que vencias mais esta batalha da vida. Infelizmente não conseguiste. Recordarei, recordaremos, todos certamente, a grande mulher que foste, a grande mulher que tu eras. Imortalizada e homenageada num mural, mas muito mais imortalizada no meu coração e nos nossos corações”, sublinha.
A família pede ajuda através do NIB 0036 0108 99100064717 04.
Natália de Jesus, natural de Frossos, era a última mestre, no concelho de Albergaria-a-Velha, nesta arte que trabalha o bunho.
Aos 11 anos aprendeu a fazer esteiras com a mãe.
Em meados do século XX, era o “ganha pão” de muitas casas, com os homens a ceifarem o bunho e as mulheres a fazerem as esteiras. Estas tinham funções muito específicas, como proteger o milho no processo de secagem ou acomodar mercadorias e pessoas nas viagens de barco.
Durante muitos anos, Natália de Jesus forneceu esteiras à Fábrica Metalúrgica Alba com a finalidade de proteger as peças produzidas no seu transporte. Hoje, são maioritariamente peças decorativas, vendidas em mercados tradicionais.
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