Coimbra
Técnicas da Câmara de Coimbra denunciam “desrespeito, maltrato, opressão e ostracização”
Duas técnicas superiores da Câmara Municipal de Coimbra enviaram um e-mail ao presidente da Autarquia a dar conta de “conduta de opressão, de ostracização, de coarte à liberdade de expressão e à autonomia técnica” numa reunião de trabalho convocada pela vereadora Ana Cortez Vaz pelas 14:30 do dia 4 deste mês de janeiro.
Nesse encontro, para além da detentora do pelouro da Ação Social da autarquia estavam o diretor do Departamento de Ação e Habitação Social, o chefe de divisão de Ação Social e cinco técnicas superiores.
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Na missiva enviada a José Manuel Silva podemos ler que “foi com bastante perplexidade que escutámos o sr. diretor de departamento, mencionar que as técnicas apenas tinham de cumprir ordens, não tinham direito a expressar as suas opiniões”.
“A sua opinião é daquela porta para fora (apontando para a rua), aqui não tem esse direito. Acrescentou à sua intervenção, efetuando um paralelismo da relação dirigente-trabalhador com a relação parental – ” É como pais e filhos. Os filhos fazem o que os pais mandam!”, disse o responsável.
Com necessidade de se defender uma das técnicas alertou “para a diferença entre os conceitos de chefia e liderança e o seu impacto nos trabalhadores”.
No entanto, a resposta que obtiveram do diretor foi: “Vocês não têm direito a ter expectativas do líder, têm é que corresponder às expectativas para as coisas correrem bem. Porque se corresponderem às expectativas, as coisas vão correr melhor no relacionamento”.
Segundo o documento a que tivemos acesso é relatado que o chefe de divisão procurou conversar com este e outras técnicas presente, mas o diretor alertou-o “que não tem de falar com quem está em baixo (referindo-se às técnicas superiores), mas que apenas tem de falar para cima”.
“Para ilustrar o seu pensamento, recorreu a um objeto de decoração natalício, um gorro de pai Natal, para explicitar às profissionais a pirâmide hierárquica”.
No início da reunião de 4 de janeiro a vereadora questionou “a cada uma das técnicas as tarefas que desempenhavam” e efetuou “uma extensa chamada de atenção, alertando para a necessidade de respeito dos superiores hierárquicos”, pode ler-se na nota, onde é referido que as colaboradores não se revendo de modo algum nas palavras de Ana Cortez Vaz, foi solicitado que concretizasse as situações e se dirigisse concretamente às pessoas em causa o que não veio a acontecer”.
A queixa que seguiu para José Manuel Silva refere” a gravidade das afirmações proferidas pelo diretor de departamento, numa conduta de opressão, de ostracização, de coarte à liberdade de expressão e à autonomia técnica, extravasando claramente o campo profissional, e a inércia da vereadora em colocar termo à situação” e por isso “numa atitude respeitosa informaram que se iriam retirar da reunião”.
Estas funcionárias da autarquia, que entretanto foram recebidas pelo chefe de gabinete Nelson Cruz, lembram ao presidente que “numa organização, todos os colaboradores são importantes, independentemente do cargo, posição ou categoria que ocupam, não existindo pessoas de cima ou de baixo”.
É relembrado que “não deixa de ser minimamente estranho (e até caricato) que esta conduta tenha sido perpetrada pelos responsáveis pelas áreas da Igualdade e Inclusão do município”.
“Não poderemos aceitar, seja a quem for, situações de desrespeito, maltrato, opressão e ostracização” sublinharam na carta enviada ao autarca, sustentando que José Manuel Silva “encontra-se no conhecimento da situação e saberá qual o procedimento mais conveniente para que situações como a ora reportada não se voltem a repetir em qualquer Departamento, Divisão, Gabinete ou Serviço desta autarquia”.
O Notícias de Coimbra contactou a Câmara Municipal que “confirma a participação referida. No entanto, sendo um processo interno complexo e em análise, o município não vai prestar declarações, por manifesta prematuridade”, pelo que resolvemos omitir o nome dos servidores envolvidos neste processo.
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