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Teatrão de Coimbra tem espetáculo que alerta para maleitas da democracia
Quatro companhias deram as mãos para colocar em palco um espetáculo com forte componente musical, que alerta para as enfermidades da democracia, numa altura em que estão prestes a assinalar-se 49 anos sobre a Revolução de 25 de Abril.
“Revolution (Título Provisório)” foi o nome, definitivo, dado à cocriação desenvolvida pelo Teatrão de Coimbra, a ASTA da Covilhã, o Baal17 de Serpa e a d’Orfeu de Águeda, e que tem estreia marcada para o dia 21 de abril, no Cineteatro Municipal de Serpa.
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O espetáculo estará também a 23 de abril no Cineteatro Municipal de Castro Verde, de 29 de abril a 01 maio na Oficina Municipal do Teatro – Coimbra, e a 06 de maio no Teatro Municipal da Covilhã.
Gonçalo Guerreiro é o encenador a quem coube a tarefa de colocar em palco 16 atores e músicos, provenientes destas quatro estruturas pertencentes à Rede Descampado, e que, pela primeira vez, irão partilhar o palco, dando vida a um texto original de Tiago Alves Costa.
“Este espetáculo é uma celebração dos 49 anos do 25 de Abril, mas também o questionamento das democracias atuais. Não é um espetáculo documental ou de referências históricas: é um espetáculo contemporâneo, que fala de como vemos a revolução de há 49 anos”, descreveu Gonçalo Guerreiro, em conferência de imprensa.
As debilidades atuais da democracia dão o mote a um espetáculo que “não é trágico”, mas que alerta para o facto de “haver uma democracia a defender”.
Produzido em residência de criação artística em diversos pontos do país, “Revolution (Título Provisório)” pretende refletir sobre “os problemas e caminhos da democracia moderna, na qual, num mundo acelerado e regulado por ciclos políticos sem reformas estruturantes, se torna difícil pensar a ideia de futuro”.
Os primeiros ensaios começaram em dezembro do último ano, repetindo-se ao longo do mês de fevereiro, voltando o grupo a reencontrar-se apenas em abril.
Com a comunicação social partilharam a segunda parte de “Revolution (Título Provisório)”, num ensaio onde foi possível ver uma atriz personificar a doente e enfraquecida democracia, deixando adivinhar que esta poderá não durar para sempre.
As várias ameaças das democracias contemporâneas são trazidas ao de cima por uma espécie de ‘cowboy’ americano, que encarna a ameaça do fascismo.
Com um toque crítico, divertido e alegrado pelo jogo de cores, pelas vozes dos atores, bem como pelo toque de um uquelele, devidamente acompanhado por um acordeão, um saxofone e um trombone, a democracia acaba prostrada num sofá, ferida de morte, depois de ter levado um tiro certeiro.
O espetáculo, que na sua totalidade se desenvolve ao longo de hora e meia, não apresenta nenhuma solução para evitar a morte da democracia, mas recorda musicalmente que “é o povo quem mais ordena” e a quem cabe encetar uma ou até mais revoluções.
E se a revolução for necessária, nada melhor do que fazer jus ao título do espetáculo – “Revolution (Título Provisório)” – fazendo anunciar-se em inglês, “para que o desejo seja global”.
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