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Sucesso de “Ainda estou aqui” aumentou número de espetadores de filmes brasileiros
Imagem: noticias da tv
O filme “Ainda estou aqui”, protagonizado por Fernanda Torres, que recebeu um Globo de Ouro por esta representação, aumentou a visualização de outros filmes brasileiros, no Brasil e através da internet, segundo fonte do setor.
Rosana Alcântara, conselheira do Conselho Superior do Cinema no Brasil, que se encontra em Portugal por compromissos académicos, congratulou-se, em declarações à Lusa, com o momento de euforia que o cinema brasileiro vive, em parte graças ao sucesso internacional do filme “Ainda estou aqui”.
Prémios, nomeações e muitos espetadores são algumas das consequências deste sucesso, traduzido também em Portugal por salas de cinema cheias, como aconteceu no fim de semana de estreia, em que a película foi a mais vista, com 37.233 espectadores, segundo dados do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA).
Além deste sucesso, Rosana Alcântara congratulou-se com o facto de “outros filmes brasileiros” estarem, desde o final do ano passado e já este ano, a registar um aumento de público e a serem “muito vistos, coisa que nem sempre é comum no próprio Brasil”.
“Ainda estou aqui” estreou-se no Festival de Veneza a 01 de setembro de 2024 e a 07 de novembro no Brasil. Em Portugal, estreou-se nas salas de cinema a 16 de janeiro último.
“Tem todo um efeito também de cadeia que eu acho que é bem importante ressaltar”, disse, acrescentando: “É uma retomada do público brasileiro, de alguma forma, e de filmes históricos, que têm um resgate importante da história do Brasil e da sua biografia”.
Rosana Alcântara acredita que este sucesso “pode ajudar também a atrair investimentos para os talentos brasileiros”.
“É um filme com uma configuração de orçamento privado, fala muito do momento atual do país, mas acho que pode cumprir um papel, e tem cumprido já, para que novas histórias, com novos talentos brasileiros, possam ser revisitadas, vistas, apontadas e possam ter força para investimentos”, declarou.
Sobre o filme do realizador brasileiro Walter Salles, lembrou que este vem sendo trabalhado desde o ano passado, de uma forma muito articulada pela produção e pelos atores.
“Ainda estou aqui” remete para o período da ditadura militar do Brasil (1964-1985), recuperando a história do político Rubens Paiva, que foi preso, torturado e morto, e da mulher, a ativista Eunice Paiva, sendo os papéis interpretados por Selton Mello e Fernanda Torres.
O filme baseia-se no livro homónimo, de memórias, do escritor Marcelo Rubens Paiva, filho de ambos, relatando não só a repressão e os atos de tortura sofridos pelo pai – cujo corpo nunca foi encontrado – como também a capacidade de superação e resistência da mãe até ao final da vida.
Ao escolher este tema, o Brasil acaba por cumprir “um papel importante na geopolítica, recuperando o papel da história do Brasil, que não foi de facto passado a limpo pelas instituições nas suas formas últimas e devidas”, adiantou Rosana Alcântara.
A abordagem da temática ajuda também as novas gerações, que “não têm conhecimento exato de tudo o que aconteceu”.
O filme, no qual entra ainda a atriz Fernanda Montenegro, tem somado vários prémios e elogios da crítica internacional. Fernanda Torres venceu um Globo de Ouro de representação e o filme está na corrida aos Óscares, nomeadamente naquela categoria e na de Melhor Filme em Língua Não Inglesa.
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