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Sono é “um parente pobre da saúde”. Saiba o que pode fazer para dormir descansado
Sabe-se que, em Portugal, a maior parte das crianças não consegue completar o tempo de sono recomendado para a sua idade. Os problemas de sono iniciados na infância e, muitas vezes arrastados até à idade adulta, são já considerados um problema de Saúde Pública, influenciando não só a saúde física, como a mental”, refere Joana Marques.
Na opinião da especialista, existem três principais fatores que demonstram a realidade de o sono ainda ser considerado “um parente pobre da Saúde”:
1. Em primeiro lugar, “a inexistência de cursos de preparação para a parentalidade que abordem o tema do sono do bebé – e os que abordam, pouco aprofundam o que realmente é importante saber sobre o que é esperado nos primeiros meses de vida e as estratégias a adotar para promover um bom sono”.
2. Outro aspeto relevante apontado por Joana Marques é a falta de formação sobre este tema dos profissionais de saúde e de educação que acompanham as crianças (como médicos, enfermeiros, professores e educadores de infância). “Quando verificamos os conteúdos dos cursos base destes profissionais é preocupante perceber que são lançados no mercado de trabalho com pouco ou nenhum conhecimento sobre sono infantil. Como conseguem estes profissionais ajudar e orientar os pais para bons hábitos de sono desde os primeiros meses de vida quando não têm formação nessa área?”, questiona a especialista.
3. Por último, a existência de “uma negligência clara face às necessidades das crianças nas escolas no que se refere ao sono”. Para a enfermeira, existe uma “contradição entre a Saúde e a Educação nas escolas. Se, por um lado, se exige cada vez mais das crianças e cada vez mais cedo – não só em termos no desempenho escolar, como desportivo – por outro lado, a ciência é clara quando informa que uma criança que não dorme bem, não está (tão) disponível para a aprendizagem, tem menos atenção, compromisso da memória e do sistema imunitário (favorecendo o aparecimento de doenças). Qualquer mãe ou pai conhece o quadro de um filho que ‘saltou’ uma sesta, agora pensemos qual a disponibilidade para a aprendizagem ou brincadeira que uma criança de três ou quatro anos tem no período da tarde, se precisa de fazer a sesta e não a faz?!” Perante esta realidade, Joana Marques considera que “o Ministério da Educação (ainda) não sabe o impacto da privação de sono na saúde e aprendizagem, pois acredito que no dia em que essa informação lhes chegar, vão querer o melhor para as nossas crianças – e o melhor é promover a cultura do sono nas nossas escolas, algo que, que neste momento, não existe!”
Para a enfermeira, é fundamental que se adotem estratégias promotoras e protetoras do sono desde os primeiros meses de vida, sendo este um indicador de saúde e de qualidade de vida. “As estratégias existem e é importante falar sobre elas com os pais e com a população em geral. Considero que a prevenção é a chave para um sono saudável e para uma família física e emocionalmente equilibrada. Não tenho dúvidas de que quando o sono for visto como saúde e não como uma doença ou problema a Sociedade muda”.
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