Governo
Sindicatos consideram que questionário sobre motivação dos funcionários públicos é “extemporâneo” e “incompreensível”
Na mira dos reparos dos dirigentes da Frente Comum, Ana Avoila, e da Federação de Sindicatos da Administração Púbica (Sintap/Fesap), José Abraão, estão perguntas que pretendem aferir de que forma algumas medidas de austeridade tomadas durante o período da ‘troika’ e a sua reversão nestes últimos quatro anos contribuíram negativamente ou positivamente para essa motivação.
Em causa está a 2.ª edição de um inquérito que foi pela primeira vez lançado em 2015, mas que, desta vez questiona os funcionários públicos sobre se “o período da ‘troika’ influenciou negativamente” a sua motivação no trabalho e se a “reposição dos salários afetou positivamente” essa motivação.
Entre as questões novas está ainda uma que procura saber se “o descongelamento progressivo das carreiras é motivador” e outra sobre se o trabalhador se sente “hoje mais motivado no trabalho do que há cinco anos atrás”.
Em declarações à Lusa, Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum, considerou que se trata de questões “que acabam por coagir o trabalhador a responder num determinado sentido” e que “procuram favorecer as medidas tomadas pelo atual Governo numa altura de eleições”.
“Não são coisas que se perguntem a um trabalhador. As pessoas não têm de se estar a pronunciar sobre medidas anteriores. Deviam é perguntar o que pensam para o futuro. É campanha”, precisou a dirigente da Frente Comum.
José Abraão, secretário-geral da Fesap, questiona, por seu lado, o ‘timing’ para a realização deste questionário – o qual os funcionários públicos são convidados a preencher e submeter até ao dia 30 de setembro, poucos dias antes das eleições legislativas.
“É extemporâneo. Não se compreende o momento para fazer este questionário, tendo em conta o grau de insatisfação dos trabalhadores por muitas medidas terem ficado aquém do que se esperava”, precisou o dirigente sindical.
José Abraão admite que este tipo de questionários é importante para aferir o grau de satisfação dos trabalhadores, mas não compreende por que razão se pede aos trabalhadores para compararem o seu grau de motivação com o que sentiam há cinco anos e não com 2009 – último ano em que houve aumentos salariais.
“Faria mais sentido pedir para se comparar com há 10 anos e não com há cinco, porque o ambiente de ‘normalidade’ é comparável com o que é comparável, ou seja, com as condições e remunerações existentes em 2009”, precisou José Abraão.
O secretário-geral da Fesap valoriza o “grande esforço que foi feito para repor a normalidade”, mas acentua: “Não podemos dizer que estamos melhor do que há 10 anos”.
José Abraão alertou ainda para a “desmobilização de algumas carreiras profissionais” como resultado da falta de investimento.
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