Polícias
Sindicato da PSP contra intenção de partidos instrumentalizarem manifestação de quinta-feira
A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) apelou hoje à população para que apoie os polícias na manifestação agendada para quinta-feira e mostrou-se contra a intenção de qualquer partido instrumentalizar o protesto.
A ASPP/PSP vai realizar na quinta-feira, entre o Largo de Camões e a Assembleia da República, em Lisboa, uma manifestação contra o arrastar dos problemas que afetam a Polícia de Segurança Pública e os polícias e contra a “falta de vontade política do Governo para os resolver”.
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Entre os problemas constam os baixos salários, o envelhecimento do corpo policial e a sobrecarga de trabalho, que torna a carreira pouco atrativa, e a falta de efetivo.
Em comunicado, a ASPP/PSP afirma “a sua independência de qualquer partido político” e diz que “não aceita que nenhum partido político tenha a pretensão de instrumentalizar” a manifestação “sob pena de desrespeitar os próprios profissionais da PSP”.
Numa carta aberta aos cidadãos, na qual os convida a apoiar a luta dos polícias, a ASPP sustenta que, “quanto mais motivados e mais preparados estiverem os polícias, melhor serviço prestam às populações”.
“Será importante todos perceberem que um agente da PSP inicia a sua carreira profissional atualmente com 809 euros, sendo que, acrescidos os suplementos remuneratórios, [o salário] ronda os 1.000 euros líquidos”, refere o maior sindicato da PSP.
A somar aos baixos salários, o sindicato aponta “as fracas condições de trabalho e a perda constante de direitos”.
“Convém ainda ter em consideração que os polícias são sujeitos a risco nas suas atuações, mas a compensação por esse risco foi apreciada pelo Governo anterior e cifrada em cerca de 68 euros ilíquidos”, sublinha a ASPP/PSP, destacando o desgaste da missão devido “à rotatividade do trabalho por turnos, horários noturnos, pressão, pouco amparo familiar por força da deslocação e cada vez mais trabalho suplementar”.
A ASPP acrescenta que os polícias estão impedidos de sair para a pré-aposentação antes dos 60 anos de idade, sendo também “assustadora a realidade relativa aos poucos candidatos que se apresentam aos concursos de admissão”, o que evidencia “a pouca atratividade” da profissão e poderá “comprometer o necessário rejuvenescimento da PSP e sua capacidade operacional”.
Na carta, a ASPP indica que alertou o Governo para estas realidades e constrangimentos e recorreu aos autarcas.
Segundo a ASPP, o Governo pretende responder a estas necessidades com “políticas de caridade e de assistencialismo social” e com aumentos salariais que, “além de não terem sido negociados, são desajustados para uma carreira especial da administração pública e uma missão tão exigente”.
O sindicato da PSP critica ainda a intenção do Governo de criar uma “falaciosa reorganização do dispositivo policial”, uma vez que pretende “perigosamente criar uma falsa segurança”, nomeadamente com a criação de esquadras móveis.
“A ASPP/PSP não se opõe a uma eventual reestruturação do dispositivo policial, mas alerta que os problemas da PSP são estruturais e merecem respostas concretas que permitam perceber que o efetivo não só é escasso para as missões de polícia, mas o envelhecimento do efetivo tem de ser também acautelado, e para tal é importante rejuvenescer, motivar os profissionais e respeitar a sua condição policial e o seu estatuto profissional. Isso passa pela valorização salarial, criação de condições de trabalho, e instituir uma maior capacidade operacional”, refere ainda a ASPP, na carta aberta enviada aos cidadãos.
Para a manifestação de quinta-feira, a ASPP convidou outros sindicatos da PSP e da administração pública.
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