Região
Serra da Lousã: Recém-criada Associação São Lourenço defende património e legado cultural das Silveiras
No contexto do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, assinalado no passado domingo, 18 de abril, os fundadores da São Lourenço – Associação de Naturais e Amigos da Silveira de Cima, Silveira de Baixo, Salgueiro e Pé da Lomba têm a honra de anunciar que já foi lavrada a escritura da sua constituição, cabendo à Comissão Instaladora a divulgação dos fins consagrados nos estatutos.
Trata-se de uma organização sem fins lucrativos com sede nos anexos da capela das Silveiras, no largo Armando Marques, na Silveira de Baixo, freguesia da Lousã e Vilarinho, município da Lousã.
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Atualmente desabitada, tal como os demais povoados próximos, a Silveira de Baixo, em plena Serra da Lousã, é um dos oito lugares deste concelho, no distrito de Coimbra, que integram a rede Aldeias do Xisto.A escritura pública da associação foi assinada, no dia 5 de abril, por Augusto Simões, guarda-florestal reformado, Nuno Lopes, economista, e Casimiro Simões, jornalista e promotor cultural.“
A Associação tem como fim defender, recuperar, conservar e valorizar a herança cultural material e imaterial, designadamente as casas de xisto, a capela de São Lourenço, as fontes, a memória coletiva e em geral o património e as tradições destes povoados da Serra da Lousã”, de acordo com os estatutos.A nossa iniciativa visa “apoiar a reinstalação dos antigos moradores, seus descendentes e amigos, acolhendo também eventuais investimentos que visem dar nova vida a estes lugares agropastoris, numa perspetiva de desenvolvimento integrado que respeite a sua identidade, promova a sustentabilidade ambiental e o emprego local”.
Casimiro Soares Simões, em representação da Comissão Instaladora, adianta que a Associação São Lourenço pretende igualmente “promover a cultura, as condições ambientais e a qualidade de vida dos novos residentes e suas famílias, assumir a gestão democrática e participada dos bens coletivos, desde logo a ancestral propriedade comunitária em redor destas aldeias, incluindo o acesso aos mananciais de água de uso comum”, bem como “participar na gestão das instalações e equipamentos de interesse comum, cultural, desportivo ou de lazer, promover a participação dos sócios na discussão dos problemas e projetos locais que direta ou indiretamente lhes digam respeito”.
A nova organização, que vai eleger os primeiros órgãos sociais em maio, assume e reforça de forma organizada o trabalho que nos últimos oito anos, até agora, foi assegurado pela Comissão de Naturais, Descendentes e Amigos da Silveira de Cima, Silveira de Baixo, Salgueiro e Pé da Lomba, criada em 2013, numa reunião pública no local, e pelos zeladores que a antecederam, com destaque para Armando Marques, o “Carequinha”.Os silveirenses tiveram o último encontro anual no dia 22 de setembro de 2019, com a participação de antigos habitantes que um dia se viram forçados a emigrar.Em 2020, devido à pandemia, não puderam realizar a festa de São Lourenço, a qual preveem reatar em agosto.
Ao longo de décadas, o programa profano e religioso contou com a colaboração da Paróquia da Lousã, cooperativas Trevim e Arte-Via e Liga de Amigos do Museu Etnográfico Louzã Henriques.Também com apoio do jornal Trevim, Câmara Municipal da Lousã e Junta de Freguesia da Lousã e Vilarinho, foi reabilitada a capela, inaugurada em 14 de agosto de 2016 pelo pároco Orlando Martins, que ali celebrou missa.Em 2015, a Comissão começou por recolher 250 euros de silveirenses da diáspora, tendo o donativo inicial partido de Claurenço Simões, um empresário oriundo da Silveira de Cima e radicado no Brasil, onde foi o primeiro empregador de Lula da Silva, num açougue na cidade de Cubatão, quando o futuro sindicalista e presidente brasileiro era ainda adolescente.Vários amigos, da Lousã e de Miranda do Corvo, doaram depois materiais diversos, incluindo telha serrana para repor a cobertura original do pequeno templo, erguido em 1947, a que se juntaram outras ajudas monetárias de residentes em Portugal, Brasil, Estados Unidos, Canadá e Holanda.Nas páginas do Trevim, decorreu durante meses a campanha pública de angariação de fundos que permitiu, em 2016, reabilitar a capela, não tendo havido ainda capacidade financeira para recuperar mesas e muros do parque de merendas, sanitários e demais anexos.
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