Economia
Sedes diz que Portugal deve reativar centrais a carvão
A Sedes – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social defende que Portugal deve reativar as centrais a carvão de Sines e do Pego, “como diversificação face às centrais a gás”, segundo um comunicado hoje divulgado.
“O novo desenho geoestratégico e a desconfiança que perdurará após a atuação da Rússia, obriga a Europa a iniciar urgentemente uma estratégia energética europeia comum, com uma diversificação das fontes de energia e uma redução da dependência” face a este país, lê-se, numa nota.
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A Sedes sugere depois várias medidas a aplicar na Europa, incluindo a “manutenção das centrais a carvão e no caso português reativação das centrais de Sines e do Pego, como diversificação face às centrais a gás, em termos de ‘backup’ térmico em relação às renováveis intermitentes”.
A associação fala ainda da “manutenção da aposta na energia nuclear, como os franceses e os finlandeses estão a fazer”, tendo em conta os “novos e promissores desenvolvimentos na tecnologia nuclear, quer com as centrais de 4.ª geração que permitirão a utilização na reação nuclear dos resíduos radioativos das atuais centrais”.
Para a Sedes impõe-se ainda “o recurso à biomassa (infelizmente esquecida em Portugal) para a produção de eletricidade, como os finlandeses estão a fazer, assegurando no caso finlandês um ‘mix’ com biomassa e nuclear menos volátil e mais estável do que o ‘mix’ com renováveis e gás”.
A organização defende ainda a “construção de terminais de gás natural liquefeito (GNL) nas costas marítimas e aproveitamento dos terminais de GNL da Península Ibérica (entre os quais o de Sines), com vista ao reforço do aprovisionamento europeu em GNL e redução da dependência do fornecimento de gás natural da Rússia através dos gasodutos”.
Assim, é preciso o “reforço entre Espanha e França quer das interligações gasistas, com vista a colocar os terminais ibéricos de GNL no mercado europeu de gás, quer das interligações elétricas, com vista a reduzir o efeito de ilha elétrica que tem sido a Península Ibérica em relação à Europa, permitindo no espaço europeu otimizar a utilização de excedentes em relação aos consumos produzidos pelas renováveis intermitentes”.
De acordo com a organização, a Europa deverá ainda avançar com a “modernização e desenvolvimento dos terminais de GNL já existentes, para que sejam dotados de maior capacidade e flexibilidade” e apela à “definição de uma política europeia comum para compra de GNL e Gás natural” à semelhança do que foi feito para as vacinas da covid-19.
Por outro lado, diz a Sedes, é importante a “definição de metas comuns a todos os países europeus no que diz respeito ao armazenamento de gás”, sendo que no que, no caso de Portugal e Espanha, deve ser aproveitada a “proximidade com EUA e África, para o desenvolvimento tecnológico e técnico dos terminais de GNL da Península Ibérica (entre os quais o de Sines), com vista ao reforço do aprovisionamento europeu em GNL”.
Quando estas interligações funcionarem corretamente, “os mercados grossistas de gás e de eletricidade devem ter regras comuns em toda a Europa” para ser possível “um preço de energia o mais próximo possível nos diferentes países europeus”.
“Numa zona comum que permite liberdade de pessoas, bens e capitais, a energia não deve ser um elemento restritivo ao projeto europeu”, sublinham, pedindo ainda um novo “impulso às políticas que promovam o aumento da eficiência energética no espaço europeu, por exemplo com medidas que acelerem a substituição do aquecimento a gás por bombas de calor”.
Este trabalho, do Observatório da Sedes para a Indústria, Energia, Ambiente e Inovação, é coordenado pelo antigo ministro Luís Mira Amaral e conta com Clemente Pedro Nunes e Ricardo Nunes.
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