Governo
Secretário de Estado diz que enfrentar desafios da saúde é uma tarefa estrutural que não se resolve a curto prazo
O secretário de Estado da Saúde, António Sales, admitiu hoje que enfrentar os desafios da saúde em Portugal é “uma tarefa estrutural”, que não se consegue resolver no curto prazo, mas que é preciso “começar já”.
“Conhecendo todos nós o diagnóstico e havendo vontade, nomeadamente política, para enfrentarmos os desafios da saúde em Portugal, temos que admitir, ainda assim, que esta é uma tarefa estrutural e que não se consegue resolver no curto prazo, ainda que se tenha que começar já”, afirmou António Sales na conferência “Saúde: A prioridade da legislatura”, organizada pela Convenção Nacional da Saúde, que decorre hoje em Lisboa.
Mas, sublinhou, “os objetivos só serão alcançados se fizermos esforços conjuntos e articulados entre as diversas entidades da saúde, em particular no Serviço Nacional de Saúde”.
À margem da conferência, o governante explicou aos jornalistas que todos têm de ter “a serenidade e a tranquilidade de perceber” que estas questões “não se resolvem de um dia para o outro”.
“Temos que transformar esta cultura do imediatismo e passá-la a uma cultura de todos nós percebermos que é com o tempo que conseguimos proceder a algumas reformas e também, obviamente, acorrer a algumas situações que são mais imediatas como tentamos todos os dias fazer”, sublinhou.
Questionado sobre as prioridades da nova legislatura, António Sales apontou a humanização dos serviços de saúde como “a primeira grande prioridade”, bem como a prestação dos cuidados de saúde.
“É uma questão primordial”, vincou, defendendo ainda a importância de envolver os cidadãos na gestão, na participação e na organização dos serviços de saúde.
“Eu sei que é intangível, nunca conseguimos medir esta questão da humanização porque isso depende de cada um de nós, de profissionais de saúde, de associações, mas é importante reconhecer o papel extraordinários que os profissionais de saúde têm feito neste sentido, tentando melhorar dia-a-dia junto dos doentes”, sustentou.
Sublinhando que o programa do Governo na área da saúde é essencialmente social, António Sales destacou algumas medidas “mais tangíveis” e que “são extremamente relevantes porque vão ao encontro das classes mais fragilizadas e das pessoas mais vulneráveis, nomeadamente o alargamento do cheque-dentista às crianças a partir dos dois anos, um vale de óculos para crianças e jovens até aos 18 anos e para os idosos com Rendimento Social de Inserção.
Sobre a falta de médicos nos hospitais, afirmou que na anterior legislatura houve um esforço de recuperação de profissionais de saúde, mas que “ainda não é o suficiente”.
“Queremos mais e por isso vamos fazer um investimento sério nesta área”, disse, defendendo ainda que é preciso criar “uma cultura de rede nas áreas metropolitanas, nomeadamente em Lisboa, no Porto, que é um bom exemplo desta cultura de rede ao nível hospitalar”.
Às vezes é preciso priorizar esta cultura de rede de segurança em detrimento da proximidade dos serviços, explicou.
Presente na conferência, o presidente da comissão organizadora da Convenção Nacional da Saúde, Eurico Castro Alves, reafirmou que “Portugal tem um sistema de saúde que, apesar das dificuldades, tem garantido o acesso aos cuidados de saúde a todos os cidadãos com um nível razoável de qualidade, equidade e eficiência”.
No entanto, defendeu, “esta enorme conquista requer que pensemos em novas soluções e adotemos novas abordagens que permitam renovar o sistema de saúde para uma nova era”.
“No momento em que se abre um novo ciclo político, torna-se pertinente lançar o debate sobre a nova prioridade que deve ser dado ao reforço do investimento público na área da saúde”, defendeu o presidente da comissão organizadora da Convenção Nacional da Saúde, que reúne mais de 150 entidades do setor público, privado e social que atuam na área da Saúde em Portugal.S
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