Desporto
Sébastien Ogier conquista oitavo título e troca lugar na história pela família
O francês Sébastien Ogier conquistou hoje o oitavo título mundial de ralis da carreira, ficando a apenas um do compatriota Sébastien Loeb, mas vai desistir da carreira a tempo inteiro para se dedicar à família.
Ogier, que ganhou pela Toyota, é o segundo piloto mais vitorioso na disciplina, apenas atrás do homónimo e antecessor Sébastien Loeb, e também o segundo campeão por três marcas diferentes (Volkswagen, Ford e Toyota), algo que conseguiu em 2020, replicando o finlandês Juha Kankkunen, campeão com Peugeot (1986), Lancia (1987 e 1991) e Toyota (1993).
Curiosamente, Ogier apenas não conseguiu ser campeão com a Citroën, a marca que o lançou no mundo dos ralis, da qual saiu em 2012, por se sentir tapado por Loeb, e à qual voltou em 2019 com o objetivo de ser campeão, após seis títulos consecutivos.
No entanto, o casamento com a marca francesa não resultou e durou apenas um ano, tendo antecipado o divórcio, trocando o duplo Chevron pela japonesa Toyota, aonde foi ocupar o lugar deixado vago pelo recém-campeão Ott Tanak.
Cada vez mais longe da sombra do compatriota, Ogier distingue-se pelo trato fácil e simpatia, igualando os dotes na condução. Casado com uma apresentadora alemã de televisão, com quem tem um filho de quatro anos, tem na família um importante suporte.
O piloto gaulês, que foi ginasta na adolescência, explicou em Portugal, na antevisão da 54.ª edição do Rali, que “uma das razões para deixar o Mundial é para passar mais tempo em família” e para se poder dedicar ao sonho de competir nas 24 Horas de Le Mans, uma das mais emblemáticas provas mundiais de resistência.
“O meu plano é claro. Não estarei a tempo inteiro [no Mundial]. Mas quantos ralis farei ainda não sei. Um dos meus sonhos é correr em circuitos e [nas 24 Horas de] Le Mans. Se isso acontecer, preciso de saber quanto tempo me ocupa”, frisou Ogier, em maio deste ano.
O amor pela competição começou a ver os troços do rali de Monte Carlo, que passam literalmente à porta de casa. Trabalhou como mecânico e instrutor de esqui, antes de ver as portas dos ralis abrirem-se numa formação de preparação de carros de competição.
Como a equipa para a qual trabalhava já participava no Rally Jeunes, prova de captação de talentos, um dia decidiu inscrever-se. Foi quanto bastou para começar a fazer história.
Daí ao Mundial de Juniores foi um ‘passinho’, que o fez aterrar na Citroën Junior Team em 2009.
Alcançou a primeira vitória no ano seguinte, precisamente em Portugal, causando espanto por ter batido o então incontestado Loeb.
O triunfo no Algarve levou os responsáveis da Citroën a colocarem um carro oficial nas mãos do seu jovem pupilo na segunda metade do campeonato de 2010 e Ogier não desiludiu, tendo vencido no Japão e terminado em segundo lugar no difícil Rali da Finlândia.
Em 2011, venceu cinco provas, reeditando o sucesso em Portugal, mas terminou o Mundial no terceiro lugar. A convivência com Loeb não foi pacífica e Ogier deixou a Citroën no fim da temporada, por considerar que nunca poderia ser campeão enquanto o compatriota estivesse na equipa.
Ogier apostou na Volkswagen e no desenvolvimento do Polo R WRC, que apenas faria a estreia oficial na época seguinte, o que o levou a participar no campeonato de 2012 ao volante de um pouco competitivo Skoda Fabia S2000, tendo como melhor resultado um quinto lugar, na Itália.
A entrada da Volkswagen no Mundial de Ralis, em 2013, não poderia ter sido mais triunfante, com Ogier a vencer nove das 13 provas, beneficiando do facto de Loeb ter participado apenas em ‘part time’, ainda assim impondo-se em dois dos quatro ralis que disputou.
Ogier e a Volkswagen prolongaram o sucesso nos três anos seguintes, em 2014, 2015 e 2016, até que o surpreendente abandono da competição por parte da marca alemã levou o francês a procurar uma nova ‘casa’, optando pela M-Sport, sempre com o compatriota Julien Ingrassia como copiloto do Ford Fiesta.
Sem perspetivas de evolução, em 2019 regressou à Citroën, sem sucesso.
Ameaçou com o final de carreira para se ver livre do contrato com os franceses e acabou por rumar à Toyota, órfã de Tanak.
A vitória obtida hoje no Rali de Monza permitiu a Ogier assegurar a conquista do título de 2021, o segundo com a Toyota, precisamente no palco onde há quase um ano conquistara o sétimo troféu da carreira.
A pandemia levou o piloto natural de Gap a adiar a ideia de reforma, prevista inicialmente para o final de 2020, renovando por mais um ano com a equipa nipónica. Contudo, a conquista do oitavo título e a possibilidade de igualar o recorde no próximo ano não fez Ogier mudar de ideias, que vai mesmo trocar a história pela família.
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