Política
Se Ucrânia perder a guerra Portugal será igualmente perdedor e vence o imperialismo
O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, defendeu hoje que a derrota da Ucrânia seria a “vitória do imperialismo sobre o multilateralismo e o direito internacional” e, nesse cenário, Portugal seria “tão perdedor” como os ucranianos.
“A derrota da Ucrânia seria a vitória do imperialismo sobre o multilateralismo e o direito internacional. Se for esse o resultado, países como Portugal, e a generalidade das nações que compõem a comunidade internacional, seriam tão perdedores quanto a Ucrânia”, considerou Gomes Cravinho.
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O chefe da diplomacia portuguesa intervinha no debate temático sobre a situação na Ucrânia, que decorre hoje na Assembleia da República, no dia em que se assinala um ano do início da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Cravinho sustentou que “a sobrevivência e a vitória do multilateralismo e do direito internacional não é, apenas, uma questão de ideologia”.
“É uma questão decisiva, incluindo para Portugal. Precisamos de poder contar com um sistema internacional, e com mecanismos de diálogo baseados em regras, para que esteja plenamente garantida a nossa soberania e capacidade de decidirmos os nossos próprios destinos”, acrescentou.
Num discurso de cerca de 15 minutos, em que lembrou o apoio prestado por Portugal à Ucrânia desde o início do conflito, Cravinho afirmou que o regresso da guerra “em grande escala à Europa pela mão de Vladimir Putin” obriga “a confrontar ideias feitas sobre o presente do continente europeu e sobre o futuro da ordem internacional”.
“Não esqueçamos hoje, neste triste aniversário, que a batalha maior que se trava hoje na Ucrânia, é entre o regresso à lei do mais forte, que caracterizou a primeira metade do século XX, e a sobrevivência do multilateralismo assente em regras do direito internacional, do diálogo e da diplomacia”, sublinhou.
Cravinho ressalvou ainda que “faz parte dos paradoxos e das tragédias da vida internacional que há momentos em que a paz apenas se conquista pela força das armas” e que “o combate dos ucranianos pelo seu território é também o combate por um mundo mais decente, mais ordeiro e mais pacífico”, tratando-se do direito inerente de legítima defesa “de que dispõe qualquer nação atacada, um direito previsto no artigo 51º da Carta das Nações Unidas”.
“É neste contexto que fornecemos já cerca de 315 toneladas de material militar, um valor que, com a próxima remessa, aumentará para 532 toneladas, incluindo viaturas blindadas, geradores, munições, e equipamento médico e sanitário. Procurámos, em cada momento, corresponder às necessidades militares mais prementes da Ucrânia, à medida das nossas capacidades e com elevada generosidade”, disse.
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