Coimbra
Sai arroz mais ou menos como o tempo
A produção de arroz na zona do Baixo Mondego não foi regular este devido às condições climatéricas, com muita chuva na altura da sementeira e um verão muito quente, dizem fontes ligadas àquela atividade.
A própria campanha começou mais tarde e a colheita ainda não terminou, estando o vale central do rio praticamente concluído, faltando ainda cerca de 1/4 da área total, centrada, nomeadamente, nos vales secundários.
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“No mês de abril choveu muito e a cultura não arrancou bem. E a colheita, este ano, está um bocado mais atrasada do que o costume, por causa da situação climatérica anormal, com um verão bastante quente”, disse à agência Lusa Francisco Dias, técnico da Cooperativa Agrícola de Montemor-o-Velho e que habitualmente acompanha, no terreno, as questões relacionadas com a produção de arroz.
Em termos de resultados, “há coisas boas e outras menos boas, não é regular”, frisou, acrescentando que existiram também “algumas dificuldades” no controle dos infestantes [ervas daninhas] ao longo do período de cultura do arroz.
“Houve campos bem limpos, mas outros nem tanto”, declarou.
As chuvas de setembro levaram a que o arroz “fosse mais difícil de colher” e se mostrasse mais húmido, o que tem “custos acrescidos na secagem”, indicou Francisco Dias.
Embora o preço do arroz [a venda que os produtores fazem à indústria e cooperativas agrícolas] só seja formado, habitualmente, no início de dezembro, atento às evoluções das bolsas italianas (na variante carolina, predominante no Mondego) e espanholas (agulha), Francisco Dias estima que ele possa ser inferior ao praticado no ano passado.
Opinião idêntica tem António Lima, dirigente da Associação de Beneficiários da Obra de Fomento Hidroagrícola do Baixo Mondego.
“É um ano em que há de tudo, colheitas boas e más. Os preços ainda ninguém sabe quais serão, mas serão provavelmente inferiores”, frisou.
António Lima indicou, no entanto, que, há cerca de 15 dias, o preço em bolsas italianas atingiu os 310 euros a tonelada, sensivelmente idêntico ao do ano passado.
“Itália abriu muito a medo, há bolsas mais abaixo que 310 e algumas nem abriram ainda”, contrapõe Francisco Dias, reafirmando que os preços ainda não estão definidos.
Neste período, há produtores que entregam, desde já, o arroz colhido à indústria, mesmo sem preço definido, uma situação que decorre da falta de locais de armazenagem de alguns.
Outros, que também produzem milho – outra cultura do Baixo Mondego – “preferem guardar o milho” e entregar o arroz, “porque o preço do milho está em baixa e poderá subir no final do ano”, explicou Francisco Dias.
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