Portugal
Rui Pato salienta que Fausto deixa uma marca singular na música portuguesa
O guitarrista Rui Pato disse que o músico Fausto Bordalo Dias, que morreu hoje aos 75 anos, deixa uma marca singular na música portuguesa.
“Fausto deixou uma marca como poucos deixam”, declarou o médico de Coimbra que, a partir dos anos de 1960, acompanhou à viola José Afonso em vários dos seus espetáculos e na gravação de discos.
Para Rui de Melo Rocha Pato, Fausto, a par do seu amigo Zeca Afonso, ficará para a história como “grande referência” da música portuguesa dos séculos XX e XI, “pelo génio das suas composições”.
Fausto, que criou o célebre tema “Por este rio acima”, morreu na madrugada de hoje de doença prolongada, em Lisboa, disse à Lusa o seu agente artístico.
Rui Pato enalteceu a forma como o cantor e compositor, na década de 1980, “se distanciou até de um tipo de canção de protesto que estava a ser banalizada” em Portugal, alguns anos após a revolução do 25 de Abril de 1974.
“Nunca lidei pessoalmente com Fausto, mas sou um admirador fervoroso dele e da sua obra”, acrescentou.
Na sua opinião, Fausto Bordalo Dias “foi o mais completo e original em tudo o que fez” na área musical e nas letras.
Em finais dos anos de 1960, a adesão do jovem ao movimento associativo, em Lisboa, aproxima-o de músicos como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire e, mais tarde, de José Mário Branco e Luís Cília, que estavam exilados em França.
Nessa época, gravou “Chora, amigo chora”, que em 1969 lhe deu o Prémio Revelação do antigo programa de rádio Página Um, transmitido pela Rádio Renascença.
“Pró que der e vier” (1974) e “Beco sem saída” (1975) são os seus dois trabalhos iniciais marcados pela experiência revolucionária do 25 de Abril.
Seguiram-se “Madrugada dos trapeiros” (1977), que inclui a canção ecologista “Rosalinda”, “Histórias de viajeiros” (1979), que abre já caminho a “Por este rio acima” (1982), o seu maior sucesso, inspirado na obra “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto.
Com “Para além das cordilheiras” (1989), venceu o Prémio José Afonso.
“O despertar dos alquimistas”, “A preto e branco” e “Crónicas da terra ardente” são outros dos seus álbuns.
Em 2003, compôs “A ópera mágica do cantor maldito” (2003), uma perspetiva sobre a história portuguesa do pós-25 de Abril.
Em 2009, com José Mário Branco e Sérgio Godinho, fez o espetáculo “Três cantos”, sobre o reportório dos três músicos, que depois deu origem a um álbum com o mesmo nome.
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