Pela primeira vez, uma máquina foi capaz de realizar uma injeção intracitoplasmática de esperma (ICSI) — um dos procedimentos mais delicados da fertilização in vitro — sem qualquer intervenção direta de um especialista humano.
O marco foi alcançado por uma equipa de investigadores liderada pelo embriologista Jacques Cohen, que assistiu ao processo sem interferir. A tecnologia desenvolvida é capaz de executar autonomamente 23 etapas essenciais da ICSI, um método frequentemente usado em casos de infertilidade masculina.
Este procedimento exige uma precisão extrema, tradicionalmente assegurada por especialistas altamente treinados. No entanto, como explica Jacques Cohen, até os profissionais mais experientes estão sujeitos ao cansaço e à distração, o que pode comprometer a taxa de sucesso da fertilização. Para ultrapassar essa limitação, os investigadores criaram um sistema automatizado que reduz a margem de erro humano, explica a New Scientist.
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A máquina recorre, entre outras inovações, à inteligência artificial e à utilização de lasers para imobilizar os espermatozoides. Um segundo sistema de IA foi ainda usado para selecionar os dois embriões mais promissores, com base na aparência dos seus cromossomas.
O resultado? Um bebé nasceu com saúde, fruto de um processo de fertilização praticamente todo conduzido por uma máquina — com exceção do treino inicial da IA e da presença de um profissional a supervisionar.
Apesar do sucesso, os especialistas alertam que esta tecnologia ainda está longe de ser acessível ao público em geral, devido aos elevados custos envolvidos. No entanto, a expectativa é de que, com o tempo, o processo se torne mais barato e amplamente disponível. “À medida que otimizarmos e refinarmos o sistema, esperamos conseguir reduzir os custos tanto para os pacientes como para as clínicas”, afirma Cohen.
O estudo foi publicado em março na revista científica Reproductive BioMedicine Online (RBMO).
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