Rio Mondego em Coimbra fica desassoreado em setembro!
O desassoreamento do Mondego em Coimbra deverá ficar concluído em setembro, prevê a empresa responsável pelo empreendimento, que reduz para metade o prazo contratualmente previsto para a execução da obra, que é de dois anos.
A empresa que está a proceder à extração de cerca de 700 mil metros cúbicos de sedimentos do leito do Mondego, em Coimbra, numa extensão de cerca de 3,2 quilómetros, e a efetuar a sua deposição a jusante do Açude Ponte, quer “devolver o rio à cidade tão cedo quanto possível”, prevendo ter a empreitada concluída em “setembro deste ano”, disse à agência Lusa Luís Corte Real, administrador da Mota-Engil.
Para isso, a empresa reforçou os meios humanos (cerca de 70 pessoas no total) e técnicos inicialmente previstos para a execução da obra e passou a trabalhar 24 horas por dia e seis dias por semana – aproveitando a paragem que faz ao domingo para proceder à manutenção do equipamento –, explicou Luís Corte Real.
Consignada em 11 de agosto de 2017, a dragagem entre a Ponte Rainha Santa Isabel (também conhecida por Ponte Europa) e o Açude Ponte tem o objetivo de “repor a geometria do projeto inicial”, com quase 40 anos. Visa, portanto, “repor a geometria do fundo do leito do rio às cotas” programadas e, simultaneamente, “repulsar os sedimentos para encher os fundões”, entretanto formados no leito do Mondego, a jusante do Açude Ponte, nas imediações da Mata Nacional do Choupal, em Coimbra.
“Voltar a dragar o Mondego” tem “um significado muito especial” para a Mota-Engil, “porque a grande obra, dos anos de 1970, de regularização do Baixo Mondego, foi feita pela empresa”, recorda Luís Corte Real.
O projeto de regularização, que, além de evitar as cheias em Coimbra e a jusante desta cidade, serve para irrigar campos do Baixo Mondego e para a produção hidroelétrica, implicou, designadamente, a construção da barragem da Aguieira do Açude Ponte.
Tanto a Barragem (concluída em 1979), localizada no limite dos concelhos de Penacova (no distrito de Coimbra) e de Mortágua (Viseu), como o Açude Ponte, junto à Mata Nacional do Choupal, em Coimbra, entraram em funcionamento em 1981 e, desde então, o Mondego nunca foi desassoreado.
“O produto da dragagem vai ser reposto a jusante do Açude Ponte”, em “locais predefinidos pelo projeto”, permitindo “eliminar fundões que têm dez metros de profundidade e que são perigosos”, refere Luís Corte Real.
Parte das areias retiradas da albufeira do Açude Ponte poderão ser depositadas junto desta estrutura onde a Câmara de Coimbra projeta criar uma praia fluvial, no âmbito do conjunto de equipamentos e intervenções preconizadas para concretizar a “ambição”, já com “longos anos, de casar as margens do rio Mondego” e valorizar “esta área notável” da cidade, designadamente enquanto espaço de “lazer e de convivialidade”, sustenta o presidente do município, Manuel Machado.
É também nessa perspetiva que será feita a estabilização dos muros da margem direita do rio, entre o terminal ferroviário da Estação Nova e o Açude Ponte, envolvendo “um investimento da ordem dos oito milhões de euros”, que vai permitir a requalificação de toda esta área, explica à agência Lusa Manuel Machado.
Simultaneamente, está a decorrer uma intervenção nos parques Verde do Mondego (onde serão aplicados mais de 800 mil euros) e Manuel Braga, contíguo àquele, no qual a Câmara projeta um investimento de cerca de quatro milhões de euros, recorda o autarca.
Para além de permitir a “requalificação desta área [ribeirinha] que está no coração da cidade e que merece ser usufruída e visitada”, a dragagem do rio Mondego visa sobretudo evitar cheias em Coimbra e a jusante da cidade, sublinha Manuel Machado, afirmando que a obra se tornou ainda mais evidente com as cheias do início de 2016, que provocaram “prejuízos significativos em Coimbra e na região do Baixo Mondego”.
Envolvendo um investimento da ordem dos quatro milhões de euros, comparticipado por fundos comunitários, o empreendimento de ‘Desassoreamento da albufeira do Açude Ponte de Coimbra’ está a retirar sedimentos acumulados no leito do rio por repulsão direta (bombagem), como constatou no local a agência Lusa, durante uma visita acompanhada por responsáveis da autarquia e da obra.
As areias são removidas, através de linha flutuante, e depositadas temporariamente num estaleiro industrial (criado para o efeito), com uma área de cerca de 2,5 hectares, na margem esquerda do rio, junto à Ponte Rainha Santa, de onde são transportadas, por via terrestre, por uma frota de camiões basculantes, para jusante do Açude Ponte.
No estaleiro industrial, a água recolhida com os sedimentos, por bombagem, é devolvida ao Mondego, depois de passar por uma lagoa de decantação, sendo os sedimentos extraídos depositados, em vários troço dos rio, a jusante da Ponte Açude, até atingirem as cotas definidas e niveladas por um sistema automático, de acordo com a descrição feita à agência Lusa por técnicos envolvidos na operação.
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