Saúde

Reutilização de dispositivos médicos poderia “poupar 50 milhões de euros por ano” ao SNS

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 07-06-2023

A reutilização de dispositivos médicos e o combate ao desperdício poderiam “poupar 50 milhões de euros por ano” ao SNS garantiu o cirurgião cardíaco João Queiroz e Melo, na conferência que proferiu no Annual Meeting da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra (ESTeSC-IPC).

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“One Health” foi o tema do encontro que, além deste especialista, contou com a presença das ex-ministras da Saúde, Marta Temido (Portugal) e Magda Robalo (Guiné-Bissau), que participaram num painel moderado pelo pneumologista Filipe Froes.

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Numa palestra com o tema “Cuidados de Saúde e Ambiente. Uma verdade incómoda”, João Queiroz e Melo mostrou alguns dados sobre o impacto da Saúde no ambiente. Numa substituição cirúrgica válvula aórtica, por exemplo, são produzidos, em média, 25 quilogramas de resíduos hospitalares. “Os cuidados de saúde são indispensáveis, mas temos de perceber que cinco por cento das alterações ambientais que vivemos são devidas aos cuidados de saúde”, lembrou o médico. Produzir menos resíduos e reutilizar mais deveriam ser palavras de ordem, num universo onde “sabemos que 30 por cento do que se faz seria possível fazer diferente” e praticamente todas as alterações trariam poupança económica”, lembrou. “É possível melhorar o ambiente, poupando dinheiro”, garantiu.

No painel “One Health, visão de futuro: dimensão técnica e política”, as ex-ministras Marta Temido e Magda Robalo e o pneumologista Filipe Froes refletiram sobre como será possível garantir, efetivamente, saúde para todos. “É necessário que as instituições trabalhem mais colaborativamente. É necessário que, mesmo em termos das organizações internacionais, consigamos desfazermos da cultura de silos para passarmos a trabalhar mais em conjunto. A nível nacional, as áreas ministeriais que tocam o animal, a saúde humana e o ambiente poderiam trabalhar de uma forma mais integrada”, afirmou Marta Temido.

A pandemia Covid-19 veio evidenciar as diferenças no acesso à Saúde a nível mundial. “Nunca tivemos a quantidade de luvas, máscaras, oxigénio e vacinas necessárias para combater a pandemia na Guiné-Bissau”, assumiu Magda Robalo, que entende que os líderes mundiais têm “obrigação de aprender com os erros do passado”.

E o que aprendemos, afinal, com a pandemia? “Talvez não tenhamos aprendido tudo o que devíamos, mas percebemos o quão expostos estamos, o quão frágeis e interdependentes estamos até no acesso a matérias-primas”, respondeu Marta Temido. Visão menos otimista tem Filipe Froes que assume o receio de que “se percam todas as lições aprendidas e investimento feito na saúde no período da Covid-19″.

O Annual Meeting ESTeSC-IPC realiza-se desde 2013, inicialmente em formato congresso e, desde 2022, assumindo o modelo conferência/debate. As temáticas abordadas em cada uma das edições são transversais às várias áreas científicas lecionadas na instituição e estão alinhadas com a agenda da Organização Mundial da Saúde.

 

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