Coimbra
Restaurantes da Mealhada optam por encerrar e antecipam perdas elevadas
Uma parte dos restaurantes da Mealhada, nos quais se serve o leitão assado da Bairrada, vai fechar portas durante o novo período de confinamento por causa da pandemia da covid-19, apesar da possibilidade de servirem refeições para fora.
“Como é um restaurante de leitão, especificamente de leitão, apesar de termos outros pratos, não se justifica fazer ‘take-away’ de leitão”, disse à agência Lusa Sandra Alves, proprietária do restaurante Pic-Nic.
Tal como no primeiro confinamento, a gerente do espaço aberto há 40 anos e que emprega 12 funcionários prefere encerrar portas do que servir refeições prontas a consumir e efetuar entregas ao domicílio.
“Para manter a qualidade, tínhamos de matar e assar leitões todos os dias, que é assim que fazemos quando temos o restaurante aberto. E é assim que quero manter”, refere Sandra Alves, que não pretende correr o risco de “não ter encomendas” e sobrar leitão “de um dia para o outro”.
O restaurante Couceiro dos Leitões, aberto desde 1952, também opta por encerrar ao público durante o novo período de confinamento “para não estragar o nome da casa”, refere a gerente Carla Couceiro.
“Não vamos trabalhar em ‘take-way’ para não estragar o nome do restaurante, porque a comida nunca chega 100% a casa dos clientes”, frisou a empresária, adiantando que apenas vai vender leitões assados por inteiro mediante encomenda e para “locais próximos”.
“Estou um bocado pessimista e muito apreensiva com este novo confinamento. No primeiro, levámos um tombo e não sei se aguentamos outro”, salientou Carla Couceiro, considerando que “as ajudas do Governo são pequenas e não vão servir de nada, já que são pagas por tranches”.
Para o gerente do Rei dos Leitões, António Paulo Rodrigues, o novo confinamento provoca “um impacto negativo”, em que os restaurantes “naturalmente vão continuar a perder faturação e os vai obrigar a inventar coisas”.
Salientando que vai manter “o ‘take-away’ e as entregas ao domicílio’, o empresário, que há 10 anos trocou a banca pela gestão do restaurante familiar, aberto desde 1947, considera que 2021 “vai ser pior” do que 2020.
“No ano passado, desconhecíamos o que aí vinha e as pessoas continuavam a andar um pouco animadas e com perspetiva de futuro e esperançosas. Agora, já sabemos mais ou menos o que é e estamos sempre a contar que venha o pior”, sublinhou o gerente do Rei dos Leitões, que emprega 18 pessoas.
Para ajudar à estabilização económica do concelho, a Câmara da Mealhada ajuda financeiramente as empresas do setor que sejam também apoiadas pelo programa Apoiar Restauração.
Deste modo, e de acordo com uma proposta já em vigor, o município apoia as empresas da restauração com 15% do valor aprovado no caso de microempresas e 7,5% nas pequenas empresas.
“O Orçamento municipal não tem capacidade para apoios ilimitados, mas mesmo assim reservámos um milhão de euros para ajudas diretas, sacrificando o investimento em algumas obras, porque as despesas são fixas”, disse à agência Lusa o presidente da autarquia, Rui Marqueiro.
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