Coimbra
Pessoas com doença mental obrigadas a sair de Residência Igualdade
A Residência Igualdade em Rio de Vide, Miranda do Corvo, fechou portas com o corte de água, luz e gás, dia 19 de Abril, após os seus 23 ocupantes, pessoas com doença mental grave, terem sido transferidos outro lugar, onde já se encontram pessoas com idênticas patologias.
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Segundo a ADFP, mentora da unidade, “os 23 utentes transferidos encontravam-se na Residência Igualdade desde Agosto de 2012. A maioria dos colaboradores foram transferidos para outras residências da Fundação, nomeadamente auxiliares, empregados de quarto e enfermaria e enfermeiros. Alguns ficarão na situação de desemprego”.
A instituição liderada por Jaime Ramos diz que “o motivo para o encerramento foi o SNS (Serviço Nacional de Saúde) não ter dado indicações nos últimos dois anos para que as vagas de internamento fossem preenchidas. Facto que surpreende porque há muitas pessoas com doença mental a necessitar de apoio”.
Surpresa ainda maior porque o Estado só paga à Fundação ADFP metade (ás vezes só quase um terço) do que paga a outras entidades para serviços idênticos de apoio a pessoas com doença mental. Este absurdo de o Ministério da Saúde estar a negociar abertura de serviços na Rede de Cuidados Continuados, onde paga o dobro ou o triplo dos custos apresentados pela ADFP, é uma irracionalidade suspeita de assentar em perseguição á ADFP e de beneficiar outros interesses, salienta a ADFP.
Prossegue a ADFP: Mais curioso é o facto de a Fundação ter apresentado por escrito este problema à Câmara de Miranda do Corvo, e a autarquia nem sequer ter respondido às preocupações da Fundação. O concelho perde quase 20 postos de trabalho e a Câmara Municipal mostra total desinteresse, mesmo sabendo que a decisão do Governo é irracional e corresponde a desperdício de recursos pelo estado, que assim gasta mal o dinheiro dos nossos impostos.
Em comunicado enviado a NDC A Fundação ADFP afirma que decidiu encerrar a Residência Igualdade, “uma vez que não obteve qualquer resposta da Câmara Municipal”, a um ofício datado de 31 de Janeiro último, no qual pedia auxílio para a “ajudar, junto da ARS e do Ministro da Saúde a criar condições para as vagas de que dispomos serem preenchidas”, o que “significaria uma enorme poupança do Estado, que só por cegueira político-burocrática não são ocupadas”.
A valência agora encerrada surgiu no âmbito de um protocolo celebrado entre a Fundação ADFP e o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, aquando do encerramento dos velhos hospitais psiquiátricos, onde os doentes estiveram internados em condições asilares durante décadas (Hospital Psiquiátrico do Lorvão e Centro Psiquiátrico e de Recuperação de Arnes).
A saída os doentes dos grandes asilos psiquiátricos, como a sua transferência para estruturas menores e Integradas na comunidade é um movimento cada vez mais necessário para dignificar e humanizar os cuidados às pessoas com doença mental grave, frisa a ADFP.
A Fundação ADFP foi pioneira desta visão humanizadora e integradora das pessoas com doença mental tendo aberto os primeiros serviços no final do século XX.
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