Quatro dias antes do apagão que deixou Portugal e Espanha às escuras esta segunda-feira, 28 de abril, a multinacional petrolífera Repsol emitiu um aviso preocupante aos seus principais clientes: as entregas de combustível a partir da refinaria de Cartagena, no sudeste de Espanha, seriam suspensas devido a um “corte inesperado” provocado por falhas no fornecimento de energia.
Segundo o El Mundo, que teve acesso à comunicação da Repsol, o motivo apresentado foi uma “falha elétrica grave, alheia à central”, levando a empresa a acionar a cláusula de “força maior”, habitualmente usada em situações imprevistas que impossibilitam o cumprimento de contratos.
A falha em questão ocorreu a 24 de abril, no mesmo dia em que também se registaram problemas na rede ferroviária espanhola: um “excesso de tensão” levou a que fossem ativadas proteções em duas estações da linha de alta velocidade entre Madrid (Chamartín) e as Astúrias (Pajares), obrigando à interrupção temporária do tráfego. O próprio ministro espanhol dos Transportes, Óscar Puente, confirmou o incidente através das redes sociais.
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Coincidentemente, gráficos divulgados mostram que esse pico de tensão coincidiu com um período em que Espanha exportava eletricidade para Portugal, França e Marrocos, levantando dúvidas sobre um possível desequilíbrio na rede elétrica ibérica.
O El Mundo acrescenta ainda que, na semana anterior ao apagão, registaram-se episódios de produção solar fotovoltaica em excesso, superior à procura, sempre nos mesmos períodos do dia, o que poderá ter contribuído para instabilidades na rede.
Apesar de ainda não haver uma explicação oficial para o apagão desta segunda-feira, estes sinais sugerem que a rede elétrica ibérica poderá já estar sob pressão há vários dias, alertando para a necessidade de uma análise profunda ao sistema de interconexões e à gestão da energia renovável em excesso.
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