O diretor do Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidde de Coimbra afirmou hoje que não se pode aceitar ou permitir que se repitam consequências como as dos incêndios do ano passado em Pedrógão Grande.
“Foram eventos extraordinários e excecionais, não foram eventos únicos. No sentido de que se podem repetir aquelas circunstâncias, podemos ter acontecimentos daqueles ou ainda piores. Em junho [de 2017] nunca pensaríamos que iria haver quatro meses depois aquele acontecimento de outubro. Agora o que não podemos aceitar e não podemos permitir é que se repitam as consequências, ou seja, não podemos ter sequer uma pessoa morta”, afirmou Xavier Viegas.
PUBLICIDADE
Este responsável, que falava à margem do XI Congresso Nacional de Queimados, que está a decorrer em Pedrógão Pequeno, Sertã, explicou que um ano depois da tragédia há muitas lições a aprender.
“Temos estado a fazer a recapitulação dessas lições. Há algumas coisas que já estão a ser realmente encaminhadas, algumas importantes. Eu diria que este cuidado que se está a ter de sensibilizar as pessoas para cuidarem da limpeza em torno das suas casas, mobilizar algumas aldeias para formar comunidades mais seguras, penso que isso é importante”, frisou.
Contudo, adiantou que falta fazer muito mais do ponto de vista da estrutura de organização dos incêndios florestais.
“A articulação dessas entidades, penso que ainda não está conseguida. Há sinais preocupantes, por falta dessa articulação. E depois também aquilo que as pessoas que estão no terreno, que sofreram este embate, perderam muita coisa, nomeadamente, a esperança naquilo que estavam a fazer. Creio que é o que falta fazer”, disse.
Xavier Viegas realçou que a preparação tem que começar antes, como pensa que está a ser feita, mas adiantou que há ainda muito trabalho.
“Todo o serviço de saúde tem de ser organizado para que, quando houver e se houver alguma dimensão trágica dos incêndios, que as pessoas feridas que necessitem de socorro, que não falte socorro”, defendeu.
Este responsável sublinhou ainda que aquilo que depende da natureza não está sobre o nosso controlo.
“Podemos fazer algo para mitigar, mas as consequências é que não podemos permitir, como as que foram em Pedrógão e foram em outubro”, concluiu.